Cuidado com o futuro.

Não somos perfeitos, claro que não.


E não gostamos de quem seja, porque estaria acima de nós.

Preferimos sempre alguém igual a nós, aquele que senta num prego, ou

que vive com eterna dor de barriga.

Ainda preferimos àquele que confunde a geladeira com a escrivaninha.

E que nem sabemos o que ele guarda ou deposita na privada.

Preferimos pessoas igual a nós, que precisam de Terapia da Revitalização.



Temos total receio de nosso patrão que se acha um quase perfeito,

porque está por cima, estudou mais ou teve mais sorte.

Ele mesmo, que nunca reconhece nosso esforço.

E quando pensamos em pedir um simples aumento, ele está em constante “reunião”

E por que não comentar que muitas vezes estamos no limite de nossa

paciência e só não pedimos a conta por causa daquela secretária que

está louquinha por nós, ou a recepcionista que está afinzona.

E quantas vezes não caímos na tentação de ganhar na loteria e chutar o

traseiro de nosso chefe tão forte, quer precisaria do Resgate do SUS

para retirar o sapato nele.

Não fazemos isso, também esse desejo não sai do nosso pensamento.



Não admitimos alguém que não cometa alguns dos sete pecados capitais

ou que fuja da regra dos dez mandamentos.

Se pensarmos que nós fugimos dos instintos básicos do ser humano,

estamos enganados.

Quem de nós não sentiria inveja se passa nosso vizinho com um carrinho

2010 e com um sorriso debochante à nossa frente sabendo que nós temos

um humilde carro igual, só que dez anos mais velho?



Quem resistiria de não cair de boca numa farta mesa cheia das nossas

sobremesas preferidas?



Ninguém deseja a morte de ninguém, mas o que pensar daquela tia que

vivia longe, no exterior, que nunca conhecemos e nos deixa meio milhão

de dólares em herança?

Não pensaríamos que já estava na hora dela empacotar?

Comigo aconteceu isso há algum tempo e tive que emitir um comunicado à

família do acontecido.

Mandei fazer uns cartões expressando assim as minhas condolências:

“A tia Laura e eu, passamos para uma vida melhor”.



Reza um mandamento que não devemos cobiçar a mulher alheia.

Todos nós sabemos que mulher não é um objeto, por tanto ela não tem dono.

Posso afirmar isso com toda ciência, sendo que em minha juventude,

éramos sete amigos no bairro, e no começo de nossas vidas tivemos uma

noiva “comunitária”.

A Maria era uns dias de cada um, era emprestada entre todos nós.

Ela nos ensinou muitas coisas, a descobrirmos, as nossas preferências,

em fim, nós devemos muito à Maria.

Quando perguntávamos a ela se era a nós que ela mais amava, de sua

boca saiam tantas verdades igualzinho à água que jorra das fontes do

deserto.



Se pensarmos que nunca falhamos no mandamento de não cobiçar a casa do

teu próximo, estamos enganados.

Cobiçamos sim.

Ou não sabemos que em certos lugares isto é impossível de negar.

Quando vivi um ano na Hungria, na casa dos meus bis avós paternos,

tive que me mudar e procurar uma casa de aluguel por causa do espaço.

E quem disse que existiam casas para alugar?

Em absoluto, era impossível achar alguma.

Até que um dia vi um cara caindo de uma ponte e corri em sua direção.

Ele acabou se afogando, não foi possível salva-lo.

Então fusei em seus bolsos e achei um cartão com seu endereço, ai

corri para a imobiliária do bairro, a única existente, e disse que eu

queria alugar esse imóvel, que o inquilino tinha acabado de falecer.

Me responderam de imediato que isto era impossível, que a casa já

estava alugada.

Perguntei mais como? O cara acabou de morrer, quem poderia ter vindo

antes do que eu?

A funcionária me respondeu: -O cara que o empurrou da ponte!



Em fim, não gostamos mesmo de seres perfeitos, só nossos heróis em quadrinhos.

Agora não devemos deixar de pensar que num futuro será tentado

fabricar seres, tipo robô quase perfeitos.

Tal vez isto aconteça daqui muitos anos, quiçá antes ou depois da

quarta guerra mundial, aquela que será disputada só com paus e pedras.

Então teremos um desfile de robô serventes, ajudantes para todas as utilidades.

Existirão as ninfas-robô, as work-robô, as office-robô, os war-robô,

as sexy-robô e algumas mais que serão necessárias.



Imaginemos então um caso inédito que pode acontecer, uma situação do dia a dia.



O Sr. Manuel é mecânico de robô e é chamado um dia para uma pequena

manutenção num robô doméstico.

-Sr. Manuel, pode dar uma verificada no meu robô que vou dar uma saída?

-Pode deixar minha senhora, vou dar sim uma olhada em geral.

-Até logo Sr. Manuel, volto mais tarde.



-Então belezura qual é o seu nome?

-Gizele

-OK Giz, vou mexer um pouco em vc, pode?

-Pode sim.

-Olha, por que vc não começa me dando a combinação do cofre que estou vendo ali?

-Acesso negado senhor.

-Vai Giz, só os numerinhos!

-Impossível sem a senha senhor.

-E qual é a senha, catzo?

-Senha inválida senhor.

-Então tudo bem agora vamos brincar um pouco, vc é muito bonitinha sabe?

-Não estou preparada para brincar senhor, aconselho procurar uma play-robô.

-Não, vamos fazer algumas bobagens só.

-De que tipo senhor?

-Vamos fazer nhe-nhe.

-Não faço nhe-nhe senhor.

-Então vamos fazer glu-glu.

-Desconfio pelo seu tom de voz que o senhor deva procurar uma sex-robô.

-Não, é vc mesma.

-Não recomendo usar uma office-robô para suas pretensas intenções.

-Ah, vc cuida do escritório e foi programada para isso né?

Só que agora eu vou te ensinar alguns truques e outras utilidades, vem cá!!!

-Não aconselho fazer isso, é inadequado senhor.

-Que nada Gizele, vc vai me agradecer pela aula!!

Assim, assim, AAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!

O QUE É ISSO GIZ????????

O que fizeram em vc?????????



Meu senhor isso ao qual se refere é um “apontador de lápis”

Só encostar o lápis que aponta automaticamente.

-Maledeta por que vc não me avisou?

-O senhor não perguntou.

-Quase acabaste com as jóias da família.

-Não sei que são as jóias da família.

-Esquece sua androidezinha biônica de uma figa!!!!!!



Em fim, esta é uma das historinhas que seria possível dentro do mundo

da cibernética que existirá sem dúvidas num futuro nem tão longínquo.

Teremos sim infinidade de máquinas quase perfeitas, com infinitas funções.

Só que existirá uma distância entre humanos e humanóides.

Os robôs poderão ter muitas atividades, mas nunca verdadeiros sentimentos.

Ai que está à diferença, nunca poderemos ama-los nem receber algum amor deles.

A saúde nossa de cada dia.

Lamentei profundamente o desaparecimento físico do Glauco, exímio


desenhista e comentarista.

Sua crítica mordaz, inclusive política era de um aguçado requinte com

conhecimento de causa.



Não morre quem deixa uma mensagem tão grata quanto extensa e verdadeira.

Continuará vivo em nosso pensamento para sempre.



Na tentativa de pegar um pedacinho da cauda do cometa da imortalidade,

farei a minha caricatura, o meu costumeiro conto, cruel e tenebroso,

assim como crítico construtivo, irreverente e sagaz.



Passa-se numa cidadezinha perdida, no meio do nada, nalgum sertão

brasileiro, que chamaremos de Sertãolandia.



O posto de saúde dessa cidade fazia um tempo que estava inaugurado,

mas brilhava pela total inoperância e descaso permanente com os mais

necessitados.

Ainda o poder público não tinha descido ali para investigar, só que os

acontecimentos já estavam no conhecimento de muitos jornalistas que

decidiram investigar por conta própria Um jornal mandou uma repórter,

a jornalista Alice.



Chegando no local, se apresentou à diretora deste único hospital, uma

tal de Dra. Dólara.

-Bom dia Dra. Dolara, eu sou a Alice a jornalista e vim fazer a

matéria que tratei pelo telefone com a senhora.

-Bom dia Alice e não me confunda nada de Dolara, é DÓLARA minha filha, DÓLARA.

-Muito bem doutora, vim para saber a respeito de queixas existentes

sobre a cobrança indevida de serviços públicos deste hospital.

Aqui se cobra por fora algum tipo de serviço?

-Não minha filha, se cobra por dentro, não tem nada por fora.

-Como assim, a prefeitura não garante todas as despesas?

-Sim garante, agora quem garante as minhas despesas pessoais?

-Ai já é outro assunto doutora.



Nesse meio tempo chega um ferido grave e cabe à doutora atender e

fazer uma avaliação.

Uma jovem desesperada chega puxando o pai de um braço e clama por

atendimento urgente.

-Por favor doutora atenda o meu pai urgente!!

-Urgente? Hahaha, isto é algo difícil minha filha, vamos fazer uma

ficha primeiro, ver as condições dele.

-São péssimas doutora.

-Não falo de saúde e sim econômicas.

-Mas doutora veja a situação dele!!!!

-Não vejo nada de grave.

-Olhe nas costas por favor!!!

Quando a doutora se digna olhar as costas, vê uma faca enorme

encravada nas costas do cidadão e a camisa escorrendo uma mancha

vermelha gigante.

-Bem minha filha, deixa pegar a minha calculadora para ver o prejuízo.

-Calculadora doutora? Precisa é uma intervenção imediata!!!

-Sim claro, ...... costura.........esparadrapo.........limpar a

faca.........mil e quinhentos........vai gastar dois mil e quinhentos

reais minha querida.

-O que? Ninguém tem esse dinheiro!

-Se vira, vende algo, aceito cheque administrativo ou promissória com avalista.

-É impossível doutora

-Ah é?

Então nada feito, o próximo por favor!!!!!

-Doutora e a faca nas costas?

-Apontou pela frente no peito?

-Não doutora

-Então não é grave, nem pegou um órgão vital, agora me dá licença.



Nesse meio tempo chega uma enfermeira chamando aos gritos a diretora.

-Doutora Dólara, temos aqui uma emergência!!!

-Do que se trata?

-Olhe este cidadão na maca tem um machado incrustado na cabeça!!!

-Deixa ver, olha cara que maldade fizeram com você!!!!

Ta doendo muito?

-Ah...... ah...... ah......

-Quem cuida dele?

-Eu doutora, sou a esposa, teve uma briga no boteco da esquina e

fizeram essa truculência com o meu véio.

-Tem como gastar uns dois mil reais mais ou menos?

-Tem não doutora, somos todos pobres.

-Pobre não sabe quanto custa o material médico, olha vai à farmácia e

pede pra fazer um curativo.

-Mas doutora olha a situação dele!!!

-Não é ruim não, entende o que a gente fala, é porque não é grave.



Logo na sala dela, a jornalista Alice continua a entrevista

horrorizada com a atitude da doutora.

-Como pode deixar estas pessoas pra lá doutora?

Sem dinheiro não tem atendimento?

E a solidariedade humana, onde fica?

-Olha minha filha, quando vou aos congressos médicos em Paris,

Londres, não é a solidariedade humana que paga por isto nem as minhas

seis malas cheias de lembrancinhas.

Quando preciso azulejar a minha piscina também a solidariedade não me ajuda.

Você está me entendendo?

-Isso prova, mas não justifica ser desumana, e se o prefeito ficar sabendo?

-Aquele bofe? Hahahahahaha

Vai, vai contar pra ele e verás o resultado.

Olha, eu e ele somos a pinga e o limão, a bola e a caçapa.

Ele é a minha bola, querida bola!!!!

-E a senhora é a caçapa dele né?

Hahaha, como se atreve? hahahaha, quem deu permissão? hahahahahaha

-Isto pode chegar ao conhecimento público e ser instalada uma CPI.

-Que nada, ele é como uma árvore bem grande e forte, tem ramificações

que o sustentam.

-Que horror doutora, eu vi essas pessoas que chegaram quase morrendo e

não foram atendidas!

-Que nada, tudo isso é patranha, está cheio de fricote por ai, de

exageros e manhas.

-Mas o hospital não tem recursos?

-Tem sim, quem fornece material aqui é o meu primo, contrato sem

licitação, a limpeza do hospital igual, um cunhado do prefeito, tudo

sem licitação.

Só que temos que fazer o nosso pé de meia, você entende Alice?

-Estou tentando............ mas, não consigo.



Nesse meio tempo chega mais um acidentado e a diretora é chamada.

-O que foi desta vez?

-Doutora entrou este jovem com um cisco no olho e pediu para ser atendido.

Era um jovem com rosto e cabelo tipo Bread Pitch, com olhos e voz de

Elvis Presley.

-Doutora, entrou um cisco no meu olho e...

-Já vi, deixa que vou tirar...........pronto já está fora, agora

precisa de uma lenta recuperação.

-Mas eu não tenho dinheiro para ficar internado, eu sei que a senhora

cobra caro.

-Nada disso meu filho, você vai ficar em minha casa e eu vou cuidar

bem de você pessoalmente, não se preocupe com nada.

-Bem.............eu.........não sei.............

-É pra já, enfermeira providencie o translado deste rapaz em

ambulância pública até minha casa de forma urgente, é prioridade, por

favor!



Enquanto isso, Alice já não dava mais crédito aos seus olhos, acabara

de entender que o problema nesse hospital era mais grave do que

imaginava.



-Doutora, estou envergonhada do que vi, vou relatar isto como um caso

repulsivo, horrendo.

-Ah é? Então vai sua jornalista de meia tigela, com essa sua profissão

desacreditada, que nem mais precisa de diploma, vai contar que ninguém

vai acreditar!

-Quer dizer que eu não tenho diploma?

Que eu estou errada e senhora está certa?

Pessoas como a senhora envergonham nossa Nação.

Vou contar tudo aos jornais e prepare-se, farei a maior sarrafusca, o

maior pandemônio e zanguizarra.

Nos veremos em breve doutora, nos tribunais!

-Vai sua mangalaça, sua inepta, incompetente, ninguém vai acreditar em

suas historias!!!

-Tal vez não acreditem em minha palavra, agora em tudo que filmei com

minha máquina escondida, ahhhhh sim, claro que vão acreditar!!!!!

-Sua frescalhona, sua viçosa! VOÇÊ ME PAGA!



Bem, para Alice foi um aprendizado, o caos, a crise existe em muitos organismos.

Só que primeiramente devemos erradica-lo do coração humano.

O duelo.

O tordilho batia cascos num trote largo que, às vezes,


quase virava em galope...

Era sempre assim.

O cavalo e ele sabiam de cor e salteado o caminho de volta aos pagos.

Por vezes, parecia até que o matungo adivinhava seus pensamentos: 

O rumo do rancho, ao pé do cerro grande.

O abraço da china velha, largo em saudade.

O amor sem idade, no coração feliz. O alvoroço dos piás,

catando caramelos nos bolsos fundos das suas bombachas.

A festa dos cuscos das casas, lhe esperando na porteira.

As lembranças batiam cascos num trote largo que, às vezes, quase virava

em galope... Finado Amarante, antes de se tornar

finado, era tropeiro. Diz que dos mais afamados daquelas bandas, desde

o arroio Ibirocai até a costa do Toropasso. Na verdade, era apenas

mais um em terra de muitos e bons tropeiros. Sabia disso, mas gostava

por demais da sua lida. Nunca extraviara um bicho sequer em anos e

anos de idas e vindas tocando tropas por diante. A china velha,

zelosa, volta e meia rezingava com ele dizendo que tinha mais cuidados

com o gado do que com ele próprio. Mas, esse era o seu trabalho e isso

era a sua vida. E nem sol de fogo ou chuva de pedra. Nem seca braba ou

enchente grande. Nada detinha sua sina de entregar a tropa ao dono,

gorda e sã de lombo. Pois, mais do que seu ofício, era sua obrigação!

O orgulho batia cascos num trote largo que, às vezes,

quase virava em galope... Finado Amarante, antes de se

tornar finado, acostumara-se à rotina das tropas. Ao ritual chucro das

reses. Ao berro triste do gado. Nunca fizera outra coisa em seus

cinqüenta e pico de anos. Mas, esse era o seu mundo e só assim era

feliz. Tropa entregue no destino e mais uma missão cumprida.

"No mas", era dar de rédeas ao tordilho e repisar o caminho de volta ao

aconchego dos seus, qual ave voltando ao ninho. O rumo do rancho.

O abraço da china. O alvoroço dos piás. A festa dos cuscos.

A saudade batia cascos num trote largo que, às vezes, quase virava

em galope... Agora, mais uma vez, voltara a ser patrão

do seu tempo. A chuvarada de ontem transformara-se em garoazita de

molhar bobo. E bueno, ele e o tordilho já eram vaqueanos dessas

cruzadas de varar enchente a nado. Os dois conheciam bem os segredos e

mistérios dos arroios da querência. Artérias pulsantes da pampa,

serpenteando pelos campos, matando sede de bicho e gente, cumprindo

sua singela sina de levar vida aos rios. Finado

Amarante, antes de se tornar finado, aprendera a respeitar os arroios

para assim poder vencê-los. Sabia bem onde morava o perigo dos

redemoinhos e seus abraços traiçoeiros. Os mapas das correntezas com

seus atalhos profundos e seus caprichos fatais. Conhecia cada arroio

da querência como a palma calejada da sua mão. Naquele mesmo dia, já

bandeara o Carumbé e suas tantas armadilhas feitas de pedras e águas.

Já cruzara o Pindaí - um fiapo d'água nas seca, mas um gigante na

enchente - que sabe se fingir de manso para afogar um vivente.

Só lhe faltava varar o velho arroio Toropasso. Com seu Passo

do Lajeado estrebuchando de água. Despontando além do mato. Furioso,

invadindo campos. Voraz, devorando cercas. Na força da correnteza a

mesma força da tropa. O arroio era o tropeiro!

A enchente batia cascos num trote largo que, às vezes, quase virava em

galope... Pensou em apear do pingo e esperar mais um

pouco. Pitar um ou dois palheiros, até as águas se amansarem.

Total, já estava tão perto e o rancho era logo ali. Ah! Mas a saudade foi

mais forte do que o medo da enchente... Mal convidou o tordilho e já

se meteram n'água, velhos parceiros que eram de varar arroio a nado e

sair do outro sem nem molhar os pelegos! A enchente

batia cascos num trote largo que, às vezes, quase virava em galope...

Uns dizem que foi descuido. Outros, que foi coragem

demais. E alguns até condenaram as águas do Toropasso onde o finado

Amarante de saudade se afogou. Restou a cruz de madeira no Passo do

Lajeado, meio escondida na sombra dos espinilhos e touceiras de

unha-de-gato, lembrando o último duelo entre o arroio e o tropeiro,

num fim de tarde de Agosto. E até hoje, somente a

china velha com seu coração de viúva sabe, mais do que ninguém, que o

arroio não teve culpa.

O mate do alemão.

Foi lá por aquele tempo em que o Uruguai era banhado e o Imperador


andava caçando pinto com boleadeira de sabugo, que chegaram ao Rio

Grande os primeiros colonos. O parador grande era pelos costados de

Porto Alegre, mas em pouco tempo a alemoada foi-se desgarrando, até

dar no que se vê hoje: se esparramaram por tudo quanto foi rincão, se

misturaram lindo com os nossos, e já existe muito guri tirante a índio

- cabelo negro e liso - mas pintando no azul dos olhos o sangue das

Orópias. Por sinal, o primeiro alemão que estourou por estes pagos foi

um lombilheiro, alto como vôo de corvo, magro como solitária, arisco

como galinha-d'água e sério como tamanco. E lombilheiro bueno, le

digo! Saía cada pintura de apêro que só vendo! Mas, se o homem tinha

a idéia clara para fazer lombilhos, andava de mal com a inteligência

no que tocava a falar a nossa língua. Oigale engrolação dos diabos! E

bem que tinha interesse em aprender: perguntava isto, indagava o nome

daquilo, forcejava por repetir certo, forcejava... forcejava... mas

era o mesmo que querer tirar leite de vaca machorra. Pra o causo, o

professor dele era um piasote, filho da viúva Fagundes. E le digo, não

podia estar pior servido, pois se havia guri alarife neste mundo

estava ali! Olho vivo e pata ligeira, sabia logo encontrar o lado de

chegar, em tudo. Mas trabalhador, que era! Desde novito foi fazendo

pela vida - a viúva, com a morte do Januarinho, ficara mais pobre do

que rato de igreja - e no despontar o buço já ajudava lindo nas

despesas da casa. Lá um belo dia deixou o pago, e quando voltou foi

sempre distribuindo plata, arrendou uma boa extensão de campo, e

trazia a mãe sempre retovada de vestido lindo. No fundo, era um

sujeito bom como remédio... Mas - isto não! nunca deixou de ser

trarbuzana!... Pra fechar um salseiro não estava com voltas! Nem pra

levantar uma china na garupa, nos rancherios da Faxina, debulhando

ferro com os retalhados que se sentiam picados! Saia cada berzabum que

nem le conto!... Mas eu sei dizer é que terminou um homem rico e

respeitado. Terminou sendo, o “coronel” Fagundes, tronco dessa

Fagundada toda das bandas do Salso. Mas veja você que já estou me

espichando que nem minhoca em terra lavrada. Voltemos ao causo do

alemão... Como eu dizia o Neco - naquele tempo nem se pensava que

ainda ia ser um dia o “coronel” Fagundes - era o ordenança do

estranja. Logo que o lombilheiro chegou a esta vila já começou a se

encher dos cobres - trabalhava mui bem! -, e o Neco tratou de ir se

enfiando como pulga em costura. Foi prestando um servicinho aqui,

outro ali, como quem não quer nada, e daí a uns dias o alemão lhe

empregava de fiche. No começo era entregador de encomendas, limpador

de casa e o mais; mas já depois de um mês era meio capataz do negócio:

com ele é que a freguesia se entendia, pois o alemão não bispava nada

em nossa fala. E o Neco se aproveitava disso, imagine, e muito se

divertia à custa do patrão. Lhe pegava cada trote, na maciota,

caborteiro, que só vendo!... Mas lá um belo dia se saiu mal com uma de

suas brincadeiras; foi despedido, e por pouco que o alemão não lhe

passou o relho. Por sinal que a cousa só veio a furo muito tempo

depois do sucedido, quando o lombilheiro começou a entender bem a

nossa língua, e descobriu que tudo não passara de artes do guri. Eu le

conto... Notando que a gauchada e todo o pessoal da vila costumava

tomar uma certa bebida por um canudinho de metal, numa cuia, o alemão

ficou curioso e foi logo pedir explicações ao ordenança. - Ma-te! -

respondeu o Neco, separando bem as sílabas pra o ruivo entender. -

Ma-te ou chi-ma-rrão. Isto aqui é a cuia... isto a bomba... isto a

erva... - O cuia, o pompa, o errfa... - repetia, interessado, o

lombilheiro. E lá seguiam as explicações, arrastadas como muchacho e

repetidas como sermões de padre. Pra finalizar, disse o moleque: - ...

e quando a gente não quer mais, é só dizer “mais quente!”. Entendeu? -

Iá! Iá! - Repita, então. - Mais quente... mais quente... mais

quente... - Muito bem! - o guri mostrava os dentes, já gozando as

conseqüências daquilo tudo, e rematava: - Está pronto, agora, pra

experimentar um chimarrão! No domingo seguinte, o lemão foi visitar a

um dos moradores da vila, o bolicheiro Souza, seu melhor freguês e

revendedor prá peonada das estâncias vizinhas. Apresentações da mulher

e filharada, embrulho de palavras, risadas sem que nem pra que, todos

procurando resolver da melhor maneira possível aquele problema de

“conversar” com o alemão. E lá ficou a família na sala, sem saber o

que fazer. Foi quando, para descanso de todos, e especial alegria da

visita, surgiu uma criada com o mate. Chegava o esperado momento do

ruivo experimentar um amargo! Entusiasmado, o alemão levou a bomba aos

lábios, foi chupando despacito, provando, tomando gosto e... gostou!

Lá veio mais uma cuia, outra, mais outra, e quando o ruivo chegava

pela décima resolveu parar. Atenciosamente, virou-se para a criada e

falou: - Mais quente... A criada não esperou um instante: logo pegou

da chaleira e retirou-se da sala. Mas eis que, pra espanto do alemão,

daí a pouco voltava, alcançando-lhe novamente a cuia do amargo. “Deve

ser um costume da terra tomar mate duas vezes” - pensou o alemão, na

língua dele. E, sorridente, resolveu seguir o tal costume. Mas uns

dois mates, e novamente ele se curvava, respeitoso, e agradecia: -

Mais quente!... Foi um espanto geral. O dono da casa sorriu, sem

jeito, e procurou contornar aquela situação embaraçosa mostrando ao

visitante umas esporas prateadas que enfeitavam a sala, relíquia da

família. E ficou sorrindo por fora... pois lá por dentro de roí de

vontade de mandar o alemão tomar mate mais quente na terra dele.

Enquanto isso, chaleira na mão, a empregada se retirava, estabanada,

da varanda. “Veja só que alemão sem-vergonha! - pensava. - Vem tomar

mate na casa dos outros, e achando sempre ruim, sempre frio, e mais

quente e mais quente!... Espera, que eu te dou “Mais Quente!”.

Passados minutos, retornava a chinoca, oferecendo um novo mate à

visita. O alemão olhou a cuia, olhou a criada, olhou o dono da casa,

tornou a olhar para a cuia, e, sem entender muito daquilo, resolveu

tomar o último chimarrão. Mas, mal tocou os lábios na bomba, e já

saltava do banco, urrando de dor, olhos saltando das órbitas. E

gritando e chingando, numa falatéia que ninguém entendia, envolveu a

empregada com um olhar transbordante de ódio: - Prassileirro purra! -

gritou. - Mais quente! MA-IS QUENTE, oufiu? Enquanto o bolicheiro

olhava espantado aquela cena, e a criada saía correndo da varanda, o

alemão batia a porta da frente com estrondo. E lá se foi pela rua

afora, gritando sempre. Nunca mais apareceu na casa do amigo... e

nunca mais tomou um chimarrão...

Curiosaidades / Piadas

O sol caia na tarde e tingia o céu com um manto sanguinolento.


Dum amarelo claro à púrpura cintilante.

Bem lá no horizonte a meia bola dum vermelho vivo diminuía lentamente

até desaparecer.



Me pergunto, como faríamos para apreciar esse quadro por muito mais

tempo, durante horas?

Seria possível?

Claro sim, e sem fotografias, ao vivo mesmo.

Se nós estivéssemos voando num avião supersônico na direção do sol, na

linha do equador a uma velocidade de 1674 km. por hora, não veríamos o

sol se por.

Ele pararia no lugar que está.

E algo mais curioso, pasmem, se a nossa velocidade for superior a

essa, o sol se deslocaria em sentido contrário.

Ele voltaria para traz, na direção contrária usual.

Um passe de mágica?

Não, é que nós estaríamos indo a uma velocidade maior do que a rotação

da terra, e teríamos que possuir um relógio especial, porque as horas

estariam indo para atrás.



Esta seria uma forma estranha de voltar no tempo, estaríamos retrocedendo.

Que tal lançar a formula do rejuvenescimento?



Bem, outro caso curioso que nos ensinou Albert Einstein respeito à

Teoria da Relatividade.

Suponhamos que um dia eu conseguisse viajar à Marte na velocidade da

luz, a 300.000 km. por hora.

Para recorrer os 60 milhões de kmt. que nos separam do planeta,

demoraría uns 3,3 minutos na ida.

Mais o mesmo tempo para a volta.

Agora você está me olhando com telescópio e acompanhando a viagem.

Até ai tudo bem.

Agora imaginemos a hipótese de que eu conseguisse voar ao dobro da velocidade.

Ou seja, em 3,3 minutos eu teria ido e voltado ao seu lado.

Você estaria me vendo ir, porque a velocidade da vista acompanha a luz

do foguete.

E antes de você me ver chegando, eu já estaria há 3 três minutos ao seu lado.

Algo incrível não?

Só na cabeça dos loucos que passa essas idéias.



Agora o melhor do dia, e sentar para rir da piada do argentino, muito

boa por sinal.





sem preconceito...eheheheheh







Um avião caiu na floresta.

Restaram apenas três sobreviventes: um indiano, um judeu e um argentino.

Caminhando entre as árvores da grande floresta, encontraram uma

pequena casa e pediram para passar a noite.

O dono da casa disse:

- Minha casa é muito pequena, posso acomodar somente duas pessoas. Um

terá que dormir no curral.

O hindu respondeu:

- Eu dormirei no curral, sou indiano e hinduísta, necessito praticar o bem.

Após uns 30 minutos, batem à porta da casa.

Era o indiano, que disse:

- Não posso ficar no curral.

Lá tem uma vaca, que é um animal sagrado.

Eu não posso dormir junto a um animal sagrado.

Então o judeu respondeu:

- Eu dormirei no curral.

Somos um povo muito humilde e sem preconceitos.

Após uns 30 minutos, batem à porta da casa.

Era o judeu, que disse:

- Não posso ficar no curral.

Lá tem um porco, que é um animal impuro.

Eu não posso dormir junto a um animal que não seja puro.

Então, o argentino, 'muy chateado da vida', aceitou dormir no curral.

Após uns 30 minutos, batem à porta da casa.

Eram o porco e a vaca.



hehehheehehe

Nossos filhos.

Uma batida insistente na porta do banheiro me fez sair do quarto às


pressas pra ver o que estava acontecendo.

Chegando lá vejo algo inusitado, minha filha Jane com uns seis aninhos

na época, tinha prendido a empregada no banheiro trancando a porta por

fora com o fecho.

Ai escutei –Abre a porta menina!!!

E minha filha respondendo: -Quem é?

-Sou eu, como quem é?

-E o que vc quer?

-O que está acontecendo gente, perguntei?

-Sr. Enrique sua filha me trancou aqui dentro do banheiro!

E a Jane insistindo,

-Se vc não falar quem é não vou abrir!

-Chega de brincadeira filha, abre essa porta, eu lhe disse.

Coitada a moça era muito boazinha, só que sofria na mão da impiedosa Jane.

Tinha que agüentar as jericadas e o gênio esquisito dela, que não sei

de quem puxou.

Chegando o fim do ano a levamos conosco para conhecer Uruguai.



Em dezembro toda aquela correria, bota mala no carro, leva o cachorro

pra vizinha e lá nós partia em nosso Dodge Magnum para fazer nossos

dois mil e duzentos kilômetros.

Porque naquela época carros de quatro cilindros eram muito fracos para viajar.

Não tinha ignição eletrônica, eram poucos cavalos de força.

Aliás nem cavalos deveriam ter, só burros, pois eram muito lerdos.



Lembro na estrada a mesma Jane, pediu para parar o carro que queria ir

ao banheiro.

Eu lhe disse que não poderíamos parar nesse momento, que esperasse

chegarmos num posto com restaurante, que seria ideal.

Bem, nalguns minutos chegamos lá e disse agora sim, podes descer.

Ai ela respondeu muito brava: -Não quero mais, agora já passou a vontade!!

Eu nunca vi passar a vontade sozinha, até hoje me pergunto mas como???

E ai fomos embora, ninguém quis descer do carro.



Menina geniosa, em fim era até divertida com suas ocorrências.



Hoje em dia, as viagens já eram.

Os carros , já foram

As crianças cresceram e cuidam dos seus próprios filhos.

O tempo passou, sim e como passou rápido.



Só que não está todo perdido, me contento hoje em dia de ver a missão cumprida.

Fico em casa, recebi a sogra hoje para almoçar com maior prazer.

Depois quando sozinhos, nós dois contamos as anedotas, rimos do que

foi e rimos muito mais do que poderia ter sido e não foi.

Acho que temos algo em comum, a nossa pródiga imaginação.

Ligamos o som no último volume e com nossa gigantesca caixa escutamos

Rock Metal.

Ai tudo vibra, as contas de luz despencam da estante, os velhos fecham

as janelas, os meninos dos vizinhos nos acompanham no ritmo imitando

guitarras pois eles adoram.

YEAH!!!!! É a vida acontecendo, que continua sim nas suas etéreas vibrações!!!






Pois é, poucas coisas ficam junto da gente depois de algum tempo.

Uma delas são os amigos.

E devemos cuida-los e trata-los bem.

São como plantas, que se não as regamos, morrem.

E o melhor, são incondicionais, poderemos guarda-los até o fim de nossos dias.


A entrevista


Dias atrás, no cumprimento do meu dever, tive que visitar a loja

Daslu, para recolher uma encomenda.

Encostei a moto no local de carga e descarga, aos fundos da loja, com

quatro guardas munidos de radio-receptor.

Aguardei 30 minutos a chegada de uma madame, e nada.

Pedi ao guarda ligar para ela, porque nós, simples mortais, a serviço

em duas rodas não temos o direito de ir falar pessoalmente com os

donos das lojas.

Ai ela respondeu para esperar cinco minutos, que já vinha.

Passaram mais 40 minutos e nada.

Enquanto isso, assistia belos carros importados, Mercedes Benz que

nunca tinha visto antes.

E também belas moças, uma mais bonita que outra.

Comentei com um guardinha que se mostrou simpático, -Belos carros heim?

Ele respondeu, -Isso não é nada, não esqueça que vc está na portaria

dos funcionários, tudo que passa por aqui são empregados.

-Nossa!!! Exclamei, e como são então os carros dos clientes?

Ele respondeu: -Muito melhores!!!

Também reparei que entre tantas moças bonitas, todas funcionárias, não

tinha nenhuma de cor, nada de mulatas nem negrinhas.

Já imaginava que isto seria assim, e de uma forma bem descarada.

Restos da escravatura que ainda vivem latentes em nosso Brasil.

Os brancos da Hight Society que não aceitam serem atendidos por

negros, ainda seus escravos, no inconsciente de muitos.

A escravatura foi abolida no papel, mas não de fato. Ainda permanece

viva na consciência de muitos seres, principalmente daqueles que nadam

na opulência, e seus ancestrais mantinham uma grande população de

escravos.

Tem tradições que se transmitem nos genes, se herdam.

A escravidão está latente ainda na cabeça de muitos seres humanos, e o

pior, que se orgulham disso.

Uma lei não foi suficiente para apagar os traços daninhos que se

acumularam por séculos na alma e no coração de muitos.

Não me senti chateado nem inferior pelo que vi, se essa era a intenção

dos organizadores desta parafernália toda, no fim sou um trabalhador,

de origem humilde, “sem parentes importantes no exterior”

Até trabalhei na fera para comprar o meu pão, acordei de madrugada

para vender balas no trem.

Depois de mais de uma hora e tanto, avisei a firma que estava indo

embora, que a dona não se prontificou em me atender.

Com certeza que quando avisaram a ela via radio que o motoboy a estava

esperando, não se dignou em me dar atenção. Era como se um cachorro

estivesse passando.



Só que antes de me marchar, perguntei pro carinha legal, o guardinha,

se tinham algum departamento que contratava motoboy, porque para

ganhar dinheiro, é melhor trabalhar para um rico do que para dez

pobres.

A experiência já me ensinou isto, mesmo sendo um fato lamentável.



Ele disse-me que existia um departamento que administra as cinqüenta

lojas existentes e os mais de mil funcionários.

É uma agência interna, contratada, com toda aparência de estrangeira.

Eu fui lá, me apresentei e marquei uma entrevista para daqui uns dias.

No dia marcado me apresentei.

Uma branquela com ares de dona do mundo me atendeu e perguntou:

-Vaga para motoboy o Sr. procura?

-Sim madame isso mesmo.

-Vou-lhe por em contato com o nosso diretor de RH, o Sr Hermannn, e

desde já lhe antecipo que não são convenientes palavras de baixo calão

nem linguajar chulo, ele não aceita.

Ela pensou rápido, com esta minha profissão, que outra coisa se poderia esperar?

Está muito mal conceituada esta minha raça, nunca ela imaginaria que

eu escrevo no Boteco do balaio e me relaciono com pessoas pra lá de

cultas e inteligentes.



-Bom dia Sr. Hermann, prazer em conhece-lo!!

-Pode sentar, replicou sem olhar para o meu rosto.

Vamos preencher esta ficha, já tenho alguns dos seus dados aqui

comigo, deixa ver, só faltam alguns detalhes que a secretaria não

completou.

O seu grau de instrução?

-Pra lá de bom senhor.

-Formado no exterior?

-Não senhor, no interior mesmo, na faculdade da vida.

-Vamos ver outros detalhes.........sexo...........

-Uma vez por semana senhor.

-Não, não me referia a esse motivo.

Falando nisso, este questionário é extremamente sigiloso, fique tranqüilo.

Então como definiria o seu comportamento sexual, hetero, bi,

metrosexual, ou algum outro?

-Nessa vou de metro senhor!!

O cara que parecia alimentado a milk shake aplicado direto na veia, me

olhou com olhar arregalado de espanto, com essa sua cara branca que

nem bum bum de alemão.

O seu semblante anglo-saxônico estava cada vez mais exasperante.

-A sua religião?

-Não tenho ainda.

-Não faz mal, eu também não.

-É o que imaginei.

-Algum parente de cor, homossexual, alguém já foi preso em sua família?

Então explodi, essa pergunta era a gota que faltava para derramar o

meu copo e destilar o meu veneno.

-O que é que é isso? Uma brincadeira? Cadê as câmeras filmando, estão

à minha frente ou nas minhas costas?

Ai entendi, mais um tatu querendo me levar para o buraco.

Nesse preciso instante afundaram as minhas esperanças de me dar bem

com o sujeito e com a firma.

-Isso é relevante Sr. Hermann? Sim, eu sou branco mas, tenho o coração

de um preto.

-Como assim Sr. Enrique?

-Porque eu clamo pela liberdade, ou seja, a falta dela.

Ele disse: -O Sr. deveria entender que existem questões que são

fundamentais em nossa organização!

-O que é fundamental?

Fundamental é o amor aos seus semelhantes, ajudar ao próximo, a

convivência sem ódio nem preconceito.

Reclamo sim de vocês todos, que com o dinheiro que tem, não

conseguiram derrubar os muros da hipocrisia, da intolerância.

O senhor, com seu sotaque que parece mais o braço direito de Hitler,

uns dos que escaparam da punição, quer me ensinar o que é

“socialmente” aceito nesta sua firma?

O meu desejo agora é de fazer cocô bem aqui no meio desta sala.

Só não faço porque não estou com vontade.

E pode marcar ai no seu relatório, tenho quatorze cachorros PRETOS.

Tenho vários amigos da mesma cor.

E o Sr. também tem algo preto, a menos que o tenha pintado de branco.



-Sr. Enrique a nossa conversa está finalizada, pode-se retirar!!!

-Engano seu, a nossa conversa acabou desde o primeiro instante, quando

entrei por esta porta e lhe vi.



E pode aguardar mister Hermann que vou lhe trazer uma placa de

presente para pendurar em sua porta de entrada:

WHITE, WHITE & WHITE – THE BIG FDP.



Nesse mesmo instante tirei o meu blusão e mostrei a frente da minha

camiseta, escrito assim:

TEM UM CORNO ME OLHANDO!!

Quando virei de costas, não antes de reparar no olhar fulminante de

ódio dele, podia –se ler: E AINDA CONTINUA ME OLHANDO!!



Uma forte batida de porta encerrou a nossa entrevista e a minha

intenção de querer trabalhar com gente fina e sem alma.

Quem planta ventos, recolhe tempestades!!!



PRÓ INFERNO O ÓDIO RACIAL E O PRECONCEITO!!!



Por coincidência mesmo, quando sai, a secretaria me disse:

-Eu ouvi toda essa conversa, e gravei tudo, hehehe.



No terceiro dia recebi um e-mail:

Caro Sr. Enrique, solicitamos gentilmente a sua presença para

tratarmos assunto do seu interesse.

Assinado, Sr. Nicholas Jackson, Gerente de RH



Bem, parece que o Sr. Hermann se deu mal, dançou miudinho, sem música mesmo.



Vocês foram ao encontro?



Nem eu.

Oração do Motociclista de Cristo.


Senhor,

Hoje ao sair com minha moto, me lembrarei que contigo eu vou mais longe.

Não vou errar a estrada, pois tu és o meu caminho.

Não terei problemas com o motor, pois tu és a minha força.

Posso ficar sossegado quanto ao farol, pois tu és a Luz do mundo.

Se meu tanque esvaziar, lembrarei que tu és uma fonte inesgotável.

Se eu pegar chuva, lembrarei que tu és o meu abrigo.

Quando precisar frear, o Senhor me segurará nas Tuas mãos.

Quando me sentir cansado, lembrarei que tu me fazes repousar em verdes pastos.

Quando sentir fome, lembrarei que tu és o Pão da Vida.

Se eu sentir sede, não será um problema, pois tu és a Água Viva.

Nunca estarei sozinho, pois Tu Senhor nunca me deixarás, nem me abandonarás.

Não temerei os imprevistos, pois o Senhor é o meu pastor: nada me faltará.

Não temerei a enfermidade, pois o Senhor é o médico dos médicos.

Se alguém tentar me acusar, Tu és o Advogado dos advogados.

Por tudo isso Senhor, eu sei que contigo eu vou mais longe.

Um dia quando a estrada da vida terminar, deixarei a minha moto e Tu

me conduziras às mansões celestiais.

Amém!

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MOTOCICLISTA, não beija, Ensina

MOTOCICLISTA, não entra, Invade

MOTOCICLISTA, não fica na fila, É VIP

MOTOCICLISTA, não aproveita, Curte

MOTOCICLISTA, não fica à toa, Fica de boa

MOTOCICLISTA, não é bando, É Família

MOTOCICLISTA, não fala, Dá o papo

MOTOCICLISTA, não sai junto, Fecha

MOTOCICLISTA, não chama, Convoca

MOTOCICLISTA, não aparece, Brota

MOTOCICLISTA, não é moda, É Religião

MOTOCICLISTA, não espera, Marca um 10

MOTOCICLISTA, não faz hang loose, Faz vida loka

MOTOCICLISTA, não dança, Arrasa

MOTOCICLISTA, não pega, Escolhe a dedo

MOTOCICLISTA, não estraga, Destrói

MOTOCICLISTA, não dirige, Pilota

MOTOCICLISTA, não bate, PQ é protegido por Deus

MOTOCICLISTA, não faz aniversário, Acumula kilometragem,

MOTOCILCISTA, não pede licença, Abre alas,

MOTOCICLISTA, não desfila, O povo pára pra ver!!!



MOTOCICLISTA !!!! Gosto de pessoas com a cabeça no lugar, de conteúdo

interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade.



Gosto de gente que ri, chora, se emociona com uma simples carta, um

telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de

carinho, um abraço.



Gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, ama os animais.

Admira paisagens, poeira e escuta.



Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir

ternuras, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro

de si, emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!



Gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de

compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.



Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e

quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de

um analfabeto.



Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos.

Com muito AMOR dentro de si.



Gente quem erra e reconhece, cai e se levanta, apanha e assimila os

golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentora suas lágrimas e

sofrimentos.



Gosto muito de gente assim... e desconfio que é desse tipo de gente

que DEUS também gosta!

Incompetência médica.

Olhem se não é para desconfiar do conhecimento dum médico, às vezes


apostamos nele todos os cuidados, depositamos toda nossa confiança em

suas mãos e levamos um revés.

O caso aconteceu assim:



-Alô doutor Rosa bom dia!

A minha filha vai viajar e quero saber sobre a bactéria assassina,

que providencias se deve tomar.

-Que bactéria? Será a Legionella? A que matou o ministro Sergio Mendes?

-Não doutor é uma nova que está que nem artista de TV, fazendo a maior

fama na mídia.

-Ah sim, vc está falando da superbacteria KPC que deu em hospitais de

Brasília e S.P.

-Também não doutor, eu escutei bem claro, é a KCT

-Vc tem certeza disso?

-Claro doutor escutei varias vezes.

Será que ela trás muito mal estar e é perigosa?

-Bem, se for a que eu estou falando pode trazer infecção generalizada

por ser uma bactéria resistente a todos os antibióticos.

Agora essa que vc falou não é tão perigosa, só produz inchaço.

-Por muito tempo doutor?

-Não, geralmente por nove meses depois passa.

-É que ela vai apresentar uma obra de teatro no Paraná, na cidade de

Ponta Grossa.

O que devo recomendar para ela se cuidar?

-Meu Deus!!

Olha se a tua bactéria é a KCT e ainda de Ponta Grossa meu amigo,

essas são as mais perigosas.

vou recomendar a ela para levar uma caixa de preservativos e um

lubrificante, só isso.

-Que coisa doutor, te conheço há tanto tempo e vc me sai com uma

brincadeira, que falta de seriedade, de consideração.

-Amigo Enrique, me liga amanhã e te explico melhor, ta bom assim?

-Mas Rosa, que resposta é essa?

Pensas que sou moleque?

ROSA!!!.....................

DOUTOR!!!...............



É assim que acontece, médico mal informado não sabe dar uma explicação

para um amigo, imaginem só o que os pacientes devem sofrer na mão

dele.



Gente, fiquem bem informados e atentos, isso é essencial para preservar a saúde.

E cuidado com a bactéria assassina!!!

Lá em Dom Pedrito.

Lá em Dom Pedrito-RS, frente à praça, havia o Restaurante e


Churrascaria do Santinho.

E se alguém quisesse ver o velho brabo, mais furioso que gato embreado

em cano de bota, era só pedir fiado no seu estabelecimento comercial.

Certa feita um peão campeiro chamado Osorinho - um desses muitos que

perderam o ofício no campo, integrando o êxodo rural, e que acabaram

perdendo-se no povo e na canha , mamão como de costume, chegou,

sentou-se junto a uma mesa e mandou botar do bom e do melhor.

O vivente comeu um espeto corrido de dar água na boca, e bebeu do mais

fino e mais caro vinho.

Mas, na hora de pagar a conta o cara estava mais liso que bunda de sapo.

Um dos garçons, então, chamou o Santinho, que já chegou com a tranca

da porta na mão.

Osorinho, já sabendo o que iria lhe acontecer, com muito jeito pediu

ao Santinho:

- Chê! Só não me bate na cabeça, por causa da congestão!

Não ame pela beleza.

Muitas pessoas deixam no decorrer do tempo uma marca em nós.


Algumas são profundas, boas impressões, outras nem tanto.



Não posso deixar de lembrar de um conhecido que deixou uma impressão marcante.

Muitas vezes cogitei se ele estava certo ou errado.

Até hoje não consegui concluir o meu raciocínio, permanece sempre uma dúvida.



O Xavier tinha algo diferente aos amigos da nossa turma, vivia meio

afastado, pois ninguém concordava com o seu modo de proceder.



Tinha uma namorada fixa, a Isabelita, e ela era muito mal tratada por

ele, até humilhada.

Ele sempre dizia que ela era pobre, que não poderia proporcionar um

futuro feliz para ele.

Nós o aconselhávamos que ela era perfeita para ele, abnegada,

dedicada, muito paciente e gostava dele muito mesmo.

Ela tinha um grande amor por ele, e não era correspondida.

O Xavier era mulherengo, beberrão, fumava três maços por dia.

E não ligava para a dedicação que recebia da Isabelita.



Tinha no círculo dele algumas amizades que não valiam nada, e acabaram

levando ele a beira do abismo, com maus conselhos.

Um determinado dia aprontaram uma boa, deram um golpe monumental na praça.

Foi um golpe de mestre, mesmo que essa atitude não mereça elogios.



Foi tudo combinado com os colegas e muito bem planejado.

Uns amigos foram numa loja de eletrodomésticos e fizeram uma compra

milionária em móveis e eletrodomésticos. Contaram na loja que eram

dois casais que estavam a se casar e precisavam tudo que existe numa

casa.

Fizeram a compra, avisando que seria pago na entrega numa residência

ali pertinho, num bairro próximo.

Acontece que outra parte da turma foi até uma imobiliária a pedir a

chave do imóvel para visitá-lo, que estava para alugar.

A casa era muito grande, com frente para duas ruas.

Aí aconteceu de chegar às compras num caminhão da loja e descarregar

todo o mobiliário nessa casa.

Quando acabaram de descarregar, o Xavier pediu aos caras aguardar que

ia providenciar o pagamento.

Nesse momento os colegas dele, estavam dentro da casa correndo para

carregar um caminhão que estava estacionado nos fundos da casa.

Quando acabaram de carregar tudo, deram no pé.

Sumiram.

Os funcionários da loja devem estar batendo na porta até hoje.

Devolveram a chave na imobiliária e dividiram o botim.

Nem sei o que foi disso tudo, se utilizaram, ou venderam.



Ele era chegado a esse tipo de atividades.

Fora que era mentiroso e dizia que o negocio dele era prometer muito

às mulheres.

Não importava se não poderia cumprir, queria viver o “hoje”

E passou muitos anos à procura de uma mina que lhe garantisse o futuro.

Sempre aplicando, ou era nos golpes na praça ou na mulherada.

Mesmo assim a coitada da Isabelita não o esquecia.

E ele pouco ligava pra ela, era um simples divertimento.

Todos sabiam disso, até ela mesma.



O tempo passou, eu mudei de cidade, nunca mais os vi pra nada.

Uns dez anos depois quando voltei de visita, andando no bairro,

encontrei uns colegas e sentamo-nos a tomar umas cervejinhas no bar de

antigamente.

Foi muito bom relembrar velhos tempos, a vida de cada um.

De pronto quem aparece passando na rua?

Era a Isabelita empurrando alguém na cadeira de rodas.

Quem seria?

Era o Xavier.

Fiquei pasmo e perguntei aos colegas,

-O que ouve com o Xavier?

-Ah, vc não sabia?

Deu um piripaique nele, foi um derrame e ficou paralisado totalmente, nem fala.

-Mas que ruim gente, e a Isabelita o que faz com ele?

-Ela cuida dele sempre, o leva a passear, o acompanha em casa dia e noite.



Pensei pra mim mesmo, como a vida é gozada.

E como o amor é sublime

Ela acabou vencendo pela sua teimosia, ficou com ele definitivamente

quando já não tinha mais condições de ficar sozinho.

Não tinha palavras para comentar o fato, estava perplexo completamente.



Veio de imediato à minha mente um pensamento, que tal vez faça jus ao

fato e tente explicar o grande amor que Isabelita sentia pelo Xavier.



Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba.

Não ame por admiração ou por interesse, pois um dia você se decepciona.

AME apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor, sem explicação.

Um causo lá em Pernambuco.

Numa cidade no interior de Pernambuco, mais exatamente, em Petrolina,


aconteceu uma historia inusitada que agora vou relatar.

Era a Jussara que conheceu o João Petrofilho e levou para casa

apresentar ao pai dela para formalizar o namoro. Isso foi no tempo que

se amarrava cachorro com lingüiça.

Hoje em dia é diferente, a moça apresenta o filho primeiro depois o namorado.

Acontece que a Jussara entra primeiro na sala e fala para a família toda.

-Gente trouxe o meu namorado o JOÃO PEDOFILO para apresentar a vcs e

conversar com o papai.

-O que!!! Disse o pai, Eu conversar com um pedófilo!!??

Deus é mais, quero esse cara fora daqui!!

-Calma papai, escuta o que ele tem a dizer

A mãe insiste, -É Josival, dá um pouco de atenção.

-Quero distância dessa raça ruim!!

Ai o João entra e vê todas as caras longas, tristes e pensa que alguma

coisa aconteceu, mas não se incomoda e cumprimenta a todos : -Boa

tarde gente!!!

O pai já vai respondendo: -Nem tão boas.

O João estica a mão para se apresentar e fica com ela abanando, o pai

nem corresponde.

Então o pai começa.

-Quer dizer que você e o tal né?

-Sou eu mesmo sim Sr. Josival

Bem, eu não gosto de suas atitudes nem um pouco já vou avisando e se

quiseres namorar a minha filha tens que mudar o comportamento.

-Mas seu Josival, eu sou um rapaz de bem, trabalho, gosto de todo mundo.

-E gostas de crianças?

-Adoro seu Josival

-Já imaginei isso mesmo.

Olha ta vendo esses dois meus filhos caçulas ai?

-Tô vendo sim seu Josival, crianças bonitas, qualquer dia vou levar

elas em casa para brincar vídeo game ou levar lá em Juazeiro que tenho

uma casinha e brincar na beira do São Francisco, tomar banho juntos.

-Mas tenta só, disse Josival, vais levar o Capeta, o Satanás que tu

vais levar, se chegares perto menos de dez metros dos meus filhos tu

viras porco capado!!!

-Só se não existir o meu padrinho padre Cícero aqui por perto pra ele

me impedir.

-Tenta só seu pedófilo de uma figa e te enquadro já já, te levo pro

meu serviço e tiro algumas fotos de você.

-Não estou entendendo, disse o João, não chegar perto dos seus filhos,

tirar fotos, que tipo de fotos?

-Trabalho na penitenciaria do estado seu coisa à toa, vou tirar fotos

de frente e de perfil, você assegurando um número no peito.

-Mas parece que vou ser fichado, por que? Não fiz nada de errado?

-Gente como você, disse o Josival, se não fez vai fazer logo.

Já foste preso alguma vez?

-Não seu Josival

-Já tratou-se com psicólogo?

-Também não senhor.

-Gostas do Michael Jackson?

-Sim adoro

-Já imaginei

-Não entendo tudo isto, venho aqui na paz, pedir a Jussara em namoro e

vcs me atiram pedras por tudo lado.

Vamos ver, Jussara, o que foi que você disse antes de eu entrar aqui?

-Ah, falei, família vou apresentar o João Pedófilo.

-Aí que está o problema, o meu nome não é pedófilo e sim Petrofilho.

-Mas por que esse nome esquisito? Indaga o pai.

-É que eu, nascido em Petrolina e sendo filho da cidade meu pai achou

por bem colocar Petrofilho, ou seja, filho de Petrolina.

É que a Jussara não soube se expressar bem.

-Quer dizer que vc não é pedófilo meu filho?

-Que eu saiba não.

-Então vamu conversar de homi pra homi, pur favô, saia tudo mundo da

sala que nos vamu ter uma cunversinha.

Diz ai seu pederasta, não desculpa, seu pedófilo

-Não senhor, sou o Petrofilho;

-Tá bem, que seja, mas, você ganha o suficiente para sustentar uma família?

-Acho que sim

-Entenda bem, quando eu disse uma família quis dizer eu, minha mulhê,

meus dois caçulas e a Jussara.

-Bem, ai eu não sei não.

-Não sabes não meu fíi? E quanto tu ganhas por mês?

-O que eu ganho no momento são dois salários mínimos.

-KKKKKKKKKKKKKKK, dois salários mínimos?

KKKKKKKKKKKKKKKKKK, isso não dá nem para a Jussara comprar papel

higiênico para limpar a bunda.

-Sinto muito seu Josival, então vou tentar ganhar mais um pouco e

volto para falar com o senhor uma outra hora.

-Vai em paz seu Petro alguma coisa.

Na saída a Jussara aguardava ansiosa o término da conversa, imaginando

que daria tudo certo.

E quando vê o João, pergunta toda feliz:

-E aí Joãozinho, o papai aceitou?

No que o João responde com um ar de fúria misturado a raiva e frustração,

-SUA CAGONA!!!!

Quero sair de São Paulo.

Quero sair de São Paulo, disse, e lá fui eu para Brasília, capital


deste país que ainda não conheço.

E quem sabe daí, depois desse um pulo em Goiás visitar uns amigos que

também não conheço.

Bem chegando lá cedinho, estacionei a motoca perto do eixão de

Brasília, lugar muito bonito.

Agora, é andar um pouco a pé para conhecer melhor.

E lá fui eu bem distraído tentando procurar o Congresso, aquela

arquitetura toda do Niemayer quando me deparo com um cara correndo em

disparada e ao virar a esquina se dá de cara comigo.

Estava muito exausto e nervoso, quase que não conseguia nem falar, e

me disse, -Seu moço, segure este pacote aqui que estão atrás de mim,

depois eu volto para pegar.

Deixou em minhas mãos algo comprido e mole, e se mandou correndo

enquanto conseguia forças, parecia que estava fugindo do capeta.

Após uns segundos vi uns caras vestindo a farda da polícia federal

correndo e procurando por alguém. Será que era aquele sujeito?

Fiquei muito curioso e pensei, é melhor eu saber de que se trata e

descobrir o que tem aquele misterioso pacote.

Quando comecei a rasgar o papel, apareceram notas de 100 reais, um monte delas.

Sentei num lugarzinho mais afastado e as contei, cem mil reais em notas de 100.

Barbaridade!!!!! Que compromisso!!! O que iria fazer com elas?????

De pronto a polícia federal voltava e se aproximavam em minha direção.

Ai não teve dúvidas, enfiei essa grana toda debaixo do capacete e

fiquei sossegado, na minha.

Acontece que eles desconfiaram da minha figura e me interrogaram,

-Senhor, o que tem debaixo do seu capacete?

E respondi, -Oras e o que deveria ter? A minha cabeça.

-Não, entre a cabeça e o capacete.

-Cabelo, é que sou bem cabeludo e o capacete não entra direito.

-O senhor não deve ser bem cabeludo com a sua idade não, nos permitiria ver?

Foi quando retirando o capacete começou a despencar notas de 100 para tudo lado.

Quatro policiais ficaram catando tudo no chão e me pediram muito

gentilmente que os acompanhasse até a delegacia de polícia.

Que outro remédio? Chegando lá me atendeu a doutora Rosana e me

perguntou donde tinha arrumado todo esse dinheiro. –O senhor é

político?

-Não doutora.

-Trabalha para político?

-Também não doutora

Pensei, que maldito costume que eles tem de relacionar dinheiro com

política, o que tem a ver uma coisa com outra?

-Posso revista-lo meu senhor?

-Fique a vontade, quer que tire a roupa aqui mesmo?

-Não é necessário, oh Jeremias, vem cá e leva este senhor. para

revistar lá dentro.

-Ah não, ninguém vai revistar ninguém, eu tenho esse direito garantido

pela constituição, e quero o meu advogado ou não falarei mais nada.

Ninguém bota a mão em mim!!!!

Após algumas trocas de palavras, e tentando explicar onde arrumei essa

grana, lembro que a doutora comentou comigo:

-É sempre assim, aparece um monte de dinheiro e o pessoal disse que “achou”.

Me jogaram num canto resguardado, parecia uma cela, só que sem grades.



Ficando lá encontrei um cara algo conhecido e disse:

-Cara, eu não te conheço?

-Certamente que não, respondeu.

-Claro que te conheço, vc não é aquilo que a gente coloca atrás da

orelha para dar sorte?

E parece que a tua não foi muita não, olha onde vc está!!!

Pó cara vc foi pego por corrupção, olha que sacanagem que aprontaram com vc.

O pior não foi a tua corrupção e sim a tua burrice, deixaste filmar tudo!!.

E ainda disseste que ias comprar panetones e inventaste notas frias!!!

Por que não inventaste algo melhor para comprar?

Camas para os pobres, berços para criança, sei lá.

Bem na realidade parecia que estava num motel, tinha de tudo, frigo

bar com serviço completo, apanhei um iogurte de frutas, pois os bolos

cremosos não me apeteciam.



Quando foi comprovada a minha inocência me liberaram, sai daí

desejando boa sorte ao famoso prisioneiro. Ele agradeceu e eu

retruquei, não, Boa Sorte para o povo se vc ficar ai dentro por um bom

tempo!!!



Já fora desse aconchegante local, me dirigi para o Centro de

Convenções Ulysses Guimarães.

Pensei, vou conhecer algo por dentro aqui em Brasília fora à casa de detenção.

Só que para não ser reconhecido pelo cara que me entregou a grana, me

disfarcei de Rapunzel, comprei uma longa peruca loira e lá fui eu.

Entrando lá qual não foi a minha surpresa, tinha gente do partido e me

disseram que o próprio Lula estaria lá.

Fui então correndo e tentei me localizar perto do palanque, quem sabe

não encontraria o “homi” por lá?

Pedi licença aos espectadores para me sentar em alguma cadeira e não

me deixaram de jeito nenhum.

Comecei a gritar, gesticular, fui empurrando e não teve jeito ninguém

me deixava sentar.

Quando fui ver, estava caído no colo do “homi” com aquelas tranças

estabanadas, todo revirado, dois gorilões assegurando os meus braços e

eu gritando.

Quando o “homi” disse: - Espera ai, o que você quer aqui?

-Oh meu senhor, o único que eu quero é me sentar, EU QUERO É SENTAR!!!!!!

-Olha eu não estou interessado em tuas preferências sexuais, o que fazes aqui?

-É que quase fui acusado de corrupção e estava preso com um carequinha

agora estou aqui,

Quer dizer que vc foi pego com grana na cueca também?

-Não, eu não uso cueca.

-Ah, vc é prafrentex aquelas bichas modernas?

-Não eu sou espada e utilizo aquela sunga de praia, não cabe grana

nela, puis embaixo do capacete.

-Porra! Essa é nova para mim, corrupto esconde grana no capacete!!! Hahahaha

-Foi tudo um engano, bem, e já o conheci, agora gostaria de ir embora.

Na saída ainda me disse:-Meu senhor, ou sei lá, minha senhora, não

esqueça de lavar essa peruca, está fedendo pra cacete!!!!!



E foi assim que tive a alegria dobrada de conhecer esta terra bonita e

de passo os “homis” que nela habitam.

O homem que tentou enganar Deus.

Já era muito tarde, o relógio na capital paulista marcava mais de 22:00 horas.


O Raimundo deixava rapidamente a firma em que trabalhava, e seu único

destino era chegar rapidamente em casa.

Atravessava ruas já conhecidas do centro de Sampa, com paisagens

monocromáticas e lúgubres, nada comparado a alguns anos atrás quando a

imagem da cidade era outra, com as suas luzes e efeitos de néon

piscando, os comércios brilhando com suas propagandas iluminadas.

Até os carros eram mais coloridos, e não como hoje em dia que se

fundem praticamente em duas ou três cores padrão, como se houvesse

acabado a forma do povo manifestar a sua alegria mediante carros

multicolores.

Só restam os faróis nas esquinas piscando e orientando a nossa marcha,

dando um tênue e melancólico colorido à paisagem urbana.



Chegando em casa, o recebe a sua linda esposa Iracema, de traços

tipicamente paraibanos, mistura de mameluco com cafuzo e mulata.

Morena cativante, calma, sorriso aberto.

Como era o seu costume Raimundo reclama da vida a dois nessas

condições de ter que fazer horas extras à noite para poder manter um

padrão mínimo de conforto.

A sua mulher o consola dizendo que dias melhores virão, para se

conformar e ter paciência.

Até o convida para o próximo fim de semana ir para à igreja messiânica

que ela freqüenta, conversar com o pastor Jarbas e encontrar um pouco

de consolo para suas preocupações.

Inexplicavelmente o Raimundo aceita, mesmo ele nunca tenha aceitado antes.

Sempre achou que ele não era bestializado para ser catequizado.

E chegando lá no fim de semana, acaba indo e conversando com o pastor

que se propus “abrir os seus olhos e salvar a sua alma.”

Raimundo conversa bastante ele alega que não acredita na Bíblia,

quando o pastor lhe retruca que a Bíblia é a fé e a certeza que vamos

receber tudo que esperamos.

Que essa é a prova de que existem coisas que não podemos ver.

Raimundo reclama que a vida está difícil, muito sacrifício para pouco conforto.

Então o pastor lhe adianta:”A vida é um eco, se você não está gostando

do que está recebendo, observe o que está emitindo”

Em fim após longa e proveitosa conversa, Raimundo escuta também as

reclamações do pastor de que a igreja é pequena e precisa de uma

ampliação.

Ai Raimundo lhe conta que ele sendo também pedreiro aos fins de

semana, poderia ajudar na ampliação do salão.

E se ele quiser contrata-lo precisaria de um dinheiro para começar,

pois ele conhecia as firmas de materiais de construção.

Passados alguns dias e após muitas conversas, Raimundo convence o

pastor a lhe entregar uma boa soma em dinheiro para dar inicio

imediato às obras.

Ele explica à sua mulher que está gostando da igreja, do pastor e que

vai construir nos fins de semana uma grande obra.

Ele vira o maior devoto, acredita na teologia de Meishu Sama e assiste

a todas as cerimônias do Johrei.

Ele roga com fé em Deus para poder começar e concluir rapidamente a sua obra.



Acontece como disse a Bíblia, que os abomináveis, os mentirosos

arderão no lago eterno do fogo e enxofre.

E Raimundo mentiu, pegou esse dinheiro e jogou todo em números de

loteria fazendo uma gigantesca aposta.

Até contou para sua mulher pois nada ele fazia no escuro.

Ela ficou horrorizada com essa atitude e a reprovou de imediato.

Mas o marido ganancioso alegou que estava realizando uma vontade

divina, que Deus o iria ajudar para construir uma grande obra e ajudar

muitas pessoas.

Para não se preocupar que tudo sairia bem e eles seriam muito felizes.



Aconteceu no dia do sorteio algo inesperado, Raimundo foi beneficiado

com o premio maior e explodiu de alegria ao saber disso.

Contou para sua mulherzinha querida o fato e juntos pularam de júbilo,

comemorando os dias melhores que sem dúvida viriam.

Era muito dinheiro mesmo, dava para construir até vários anexos na

igreja e ainda sobraria bastante para eles desfrutarem.

Quando de repente de forma inesperada, o anjo iluminado das trevas, o

próprio Satanás soprou em seu ouvido:

“-O que vc acha Raimundo de gastar todo esse dinheiro em você mesmo?”

Bem, a tentação tinha batido em sua porta, pensou rapidamente que

outra oportunidade como essa nunca mais teria.

E tomou a sua própria e errada decisão.

Iria sim investir o dinheiro do bilhete premiado em seu benefício.

E manifestou isso à sua mulher, era para ela fazer as malas e se mudar

para sua mãe pois ele iria viajar com destino e prazo ignorado.

-E a igreja? Comentou ela.

Bem, disse Raimundo, vou jogar mais vezes e o próximo dinheiro que

ganhar vou empregar na construção do anexo, até o pastor vai gostar.

Agora ele vai ter que esperar eu curtir um pouco a vida e ganhar mais dinheiro.

E assim passou o dia e a noite alimentando sonhos egoístas, onde ele

próprio seria o único participante dessa fortuna para gastar no que

bem quiser.

Viagens, novos amigos, produtos de consumo, todo lhe aguardava prazerosamente.

Nem bem amanheceu o dia Raimundo colocou o bilhete premiado no bolso

da camisa e saiu correndo em direção ao posto pagador do premio.

Sim, teria que se apresentar munido de documentos à Cx. Econômica

Federal no Largo da Concórdia e apanhar o cheque.

E ele corre rua acima, rua abaixo até chegar bem próximo.

O que ele não esperava é que uma chuva torrencial o apanhasse de

surpresa e o molhasse de cabo a rabo.

Entrou ensopado na instituição e se dirigiu à recepcionista.

O susto maior foi quando tentou retirar o bilhete do bolso da camisa.

Tinha esquecido de resguarda-lo e chegou todo molhado, foi só tentar

apanha-lo que despedaçou rapidamente, parecia mais uma papinha de

neném.

A funcionaria descartou completamente que o bilhete fosse válido, todo

moído sem numeração visível.

Disse-lhe: -Olhe meu senhor, com isto o Sr. não vai poder receber!

Sinto muito mesmo.

Ai Raimundo retrucou com energia, -Mas como?

Quero falar com o responsável, alguém de um cargo mais alto!

Cargo mais alto? Respondeu a funcionária.

Só se falar com Deus.

Se ele se manifestar favoravelmente, quem sabe?

-É......- respondeu Raimundo já abatido e resignado.

Acho que Ele já se manifestou!!



O jeito agora era continuar na mesma vidinha, com o compromisso de

devolver o dinheiro todo ao pastor.

E reconhecer que se a vida não estava boa antes, agora depois da

tentação tomar conta dele estava bem pior.

Dia das Mães e mais.

Esta foi uma verdadeira semana maluca.


Hoje, por sorte poderemos festejar com sol o DIA DAS MÃES.

PARABÉNS a todas elas, pois realmente merecem tudo que desejamos e muito mais.

Parabéns a elas, às que não são ainda e um dia serão, aos amigos que

gostariam de ser e vêm com nostalgia e frustração que a natureza lhes

negou esse dom.

Parabéns às mães postiças, à mãe terra, à mãe nação!



Foi semana de casamento de famosos, com todo o luxo possível para

manter o brilho da milenar dinastia britânica.

A esses ricos da monarquia, eu diria que a medida real de suas

riquezas é quanto eles valeriam se perdessem o título e todo seu

dinheiro.

Nesse mesmo dia aconteceu o assassinato do companheiro Osama, que só o

anunciaram uma semana depois para não ofuscar o casamento.

Seria infantil perguntar o por que não o capturaram vivo.

Pelo mesmo motivo que não deixaram vivo o Che Guevara.

Eles tem mais medo de suas idéias do que seus atentados.

Nenhum republicano ou democrata dos EUA teria condições de discutir

motivos e razões de tanta violência no mundo, com certeza Osama iria

convencer muita gente do contrario que pensam.

O jeito era mata-lo, por medo de abrir a boca, de expor o podre do

mundo ocidental.

Que aliás ele foi favorecido antigamente pela CIA o mesmo que Saddam

Hussein, e nesse caso também aplicaram a “queima de arquivo”

Se Jesus volta-se à terra, provavelmente eles o aniquilariam, não

faltariam razões.

Quando não se pode discutir com alguém, o jeito é neutralizá-lo.



Disseram que agora que o Balaio fechou, devemos pegar fogo no Boteco.

Si precisarem de álcool, podem contar comigo, tenho grandes reservas.

Bem, o Balaio não irá fechar nunca, seria como querer acabar com a

razão, a verdade, a inteligência.

Isso não acaba, se modifica, se desloca, se transforma.

Aparecerá novamente noutro lugar, com mais força, com mais ensejo.

E seremos testemunhos fieis reconhecendo que o que é bom, deve ser eterno.



Falando em álcool, estou seguindo a risca os mandamentos de

Desintoxicação Alcoólica.

“Como largar de ser um pinguço, uma besta humana em 21 lições”

A primeira lição, Afaste a bebida de vc, eu já cumpri, coloquei minha

adega lá no mezanino, bem longe.

Segunda lição, Não olhe mais para a bebida, já está solucionado,

arrumei um óculo bem escuro, aquele de soldador, não se enxerga nem o

sol, nem o pensamento.

Minhas filhas falaram:-Pai, como vc está diferente, estas doente?

É que nunca tinham-me visto sóbrio.

Bem, no fim da última lição: Um brindes ao sucesso, e outro brindes

aos abstêmios!

Ah, esqueci de dizer, eu sou o autor dessa obra, essa maravilha de livro.

Por que eu bebo? Porque as mulheres bonitas fazem-me comprar vinho.

E as mulheres feias fazem-me bebe-lo.

Mas vou parar, prometo. Estou gastando tanto em bebida, devo tanto que

se chamar alguém de “meu bem”, o banco toma.

Aliás, beber em demasia é um erro, e o único modo de evitar erros é

adquirindo experiência. No entanto a única maneira de adquirir

experiência é cometendo erros.

E tudo acaba virando um círculo vicioso.



Muitas coisas mudaram aqui no Boteco, é que ainda devemos abaixar a

cabeça para o tal do Google, “dono de todos nós” Que aliás ele pode

até estuprar o meu corpo, mas, a minha mente, jamais! E como dói!!!

Tal vez vc tem amigos que opinam que mudando de endereço o Balaio nada

vai mudar, que nada vai dar certo.

Nesse caso mude seus amigos.

Não quero me estender mais, hoje é um dia muito especial.

Um beijo a todos vocês!

Coisas de Sampa

Não foi agora, mais aconteceu.


Ouve uma corrida programada numa pista de atletismo entre jovens

excepcionais portadores da síndrome de Dawn.

Eles estavam bem preparados, cada um sabia o seu papel.

Então a corrida começou, estavam indo muito bem, até que um dos

integrantes deu um tropeço e foi pro chão.

De imediato todos pararam e foram no auxílio do companheiro caído.

Devem ter raciocinado muito bem e rápido, imaginando que na teria

sentido continuar correndo sendo que um dos amigos estava com

dificuldades.

Então o que fizeram? Deram-se as mãos, correram juntos e assim

chegaram no final da corrida todos unidos. Não teve um ganhador nem um

perdedor.

Foi uma belíssima lição de humanidade, de solidariedade.



Tem pessoas que acham que eles são seres inferiores, que tem que

aprender muito conosco.

No fim vemos que somos nós “os normais”, temos muito que aprender com eles.





Bah!Adoro São Paulo, com suas noites fumegantes, caminhões que passam

carregados de máquinas e te brindam aquele doce balanço, animaizinhos

silvestres por todos os lados para alegrar o lar, o ratinho roendo no

quintal, a baratinha tintinabulando pela cozinha, dando aquele ar

bucólico de floresta, de boscagem.

O toc-toc das prensas que marcam compasso e te acompanham no sono.

Consegues dormir após uma hora da manhã quando a gurizada decide parar

de brincar e as sete da manhã aparece o manezão gritando: -OLHA O GAZ,

AO GÁZ, OLHA O GÁZ.

Delicia pura é morar em cidade grande, ninguém incomoda ninguém.

Quando o vizinho chega após trabalhar de entregador de pizzas, acelera

a moto e desliga. Parece coisa ruim mais não é, ai já sabes que são as

12.30 da noite.

Em fim, eu não me acostumaria com o ensurdecedor silêncio de cidade pequena.

Não temos passarinhos cantando, temos muitas pombas e urubus

sobrevoando. Pena que eles não cantam. E as pombas estão consideradas

pragas domésticas.

Em fim cada um com seus sons. Tenho uma caixa acústica tamanho família

ligada no micro.

Guardo infinidade de gravações de coisas, bichos em geral. Quando vem

pessoas indesejáveis, pedintes, escandalosos, ligo na hora o latido do

pitti-bull, saio da porta pra fora e fico gritando: -Não Satã,vc não

vai sair agora, mulher assegura a coleira nele no pescoço, não deixa

escapar!!! E os curiosos saem correndo apavorados.

Só os vizinhos me conhecem e sabem dos meus bichinhos virtuais, e já

não ligam mais.

Gente, acho que cada um se acaba acostumando com seus sons, seus

bichinhos, suas luzes e sombras próprias de cada lugar.

Vivo? Vivo e meio!

Vivo? Vivo e meio!




Quando tive recomendações do doutor Rômulo de Bragança como sendo o

melhor psicanalista espanhol que se estava radicando em Brasil, fiquei

curioso de conhece-lo.

Foram alguns amigos que conheciam e freqüentaram-no, fizeram consultas

porque na minha terrinha passar pela mão deles é status.

Todo mundo tem um médico analista conhecido, é como o mecânico do

carro, todos conhecem um, trocam idéias e recomendam.

Até que pelo entusiasmo fui lá conhece-lo, quem sabe poderia achar

algum desarranjo em minha personalidade e corrigi-lo.

Porque as pessoas podem pegar vícios, manias e outros defeitos que só

um bom profissional consegue detectar e corrigir.

Até os próprios médicos da cuca, são obrigados a se consultar uma vez

por ano, para ver o equilíbrio e as condições gerais, pois eles são

muito sensíveis a mudanças por causa da profissão.

Então marquei uma consulta e chegando lá vieram as perguntas de rotina.

-O que você está sentindo?

-Olha doutor Rômulo, eu freqüentemente ouço vozes.

-Sim muito bem, mas que tipo de vozes?

-São de pessoas que parecem estar lá longe, na distancia.

-E o que falam essa vozes.

--Elas falam :Alô? Com quem falo?

-E isso é freqüente?

-Não doutor, só quando pego no telefone.

Ahhhhhhh, entendi a questão, olha vou-te receitar um ansiolítico e vc

toma antes de dormir por 30 dias está bem?

E após algumas recomendações deu por encerrada a consulta.

-Tudo bem doutor, então vou-me retirar, quanto devo pela consulta?

-Bem devido a minha especialidade eu cobro 500 reais.

-Affff, só isso doutor?

-É porque estou começando, quando tiver clientela vou aumentar o

valor, sabe que não é fácil de achar um bom psicanalista, né?



Olhe doutor Rômulo, não sei se já relatei um detalhe, que os meus pais

acabaram os seus dias num manicômio judiciário, amarrados com camisa

de força.

-Ah é? Eles eram perigosos?

-Sim, gostavam de matar pessoas que provocavam eles.

-Olha isso é muito grave.

-Pois é doutor, e eu acho que levo isso também em minha genética.

-Como assim?

--É que já acabei com a vida de alguns médicos

-Então você é um psicopata!!

-São surtos doutor, só as vezes que acontece.

-E quando principalmente?

-Quando os médicos querem me assaltar nas consultas e me falam um

preço muito alto não sei o que me acontece, só sei que vôo no pescoço

deles e aperto até sufocar.

-Mas, você assim vai ser preso meu Deus!

-Não doutor sempre acho um jeito, da última vez aproveitei que o

médico estava construindo, não tinha ninguém e coloquei ele dentro do

concreto, ficou no meio da parede como recheio humano.

Falando disso o senhor está construindo aqui no fundo né?

-Eh, sim.......... não............. sim claro.

-Doutor, eu acabei esquecendo qual é o valor da consulta, por favor.

-Ah sim a consulta, não, não é nada.

Ela é grátis por ser a primeira vez que você vem.

Da próxima eu cobro, pode ficar tranqüilo.

E mais, você veio de carro?

-De moto doutor.

-Tudo bem, leve estas vinte pratas para a gasolina, eu sei que está cara mesmo.

-Ótimo doutor, e quando marco o retorno?

-Ah sim o retorno, eu te aviso, não vai demorar.

-Posso vir daqui trinta dias?

-É que tenho um congresso lá na Suécia, acho que vou demorar uns seis

meses em voltar.

Mesmo assim você não vai ficar na mão.

Vou ligar para te recomendar um colega de profissão que tomará conta

do teu caso tudo bem?

-Pois não doutor, obrigado pela consulta e a gasolina, hehe.





Bem dizem que o mundo é dos vivos.

Eu diria que é dos honestos.

Malandro, vivanco, esperto de mais, tem que pagar pedágio.

E eu cobro mesmo, comigo não tem essa.

Porque carteirinha de Mané eu nunca tirei.

O João Cana Brava

Por ocasião da doença do Chico Anísio, o seu amigo Tom Cavalcante lhe


fez uma visita de cortesia.

E no intuito de alegrar um pouco seu amigo, depois de tanto

sofrimento, o Tom fez questão de lhe contar uma piadinha, sim aquelas

do João Cana Brava, tudo caracterizado.

Bem, ele caprichou tanto na historia, que o Chico, semi inconsciente e

com aparelhos, tubo de vidro para respiração assistida, começou a dar

um simples e hilário sorriso, que foi crescendo até se tornar numa

espetacular gargalhada.

E tão violenta foi que o Chico começou a esmigalhar o tubo de vidro

com os dentes e logo mais a engolir os cacos. Ao mesmo tempo os

médicos que o assistiam caíram na risada , e não conseguiam parar de

rir.

O diretor, o professor Gumercindo escutando a balburdia de longe se

apresentou na sala já intimando o pessoal:

-Macacos me mordam K7!!!

Pelas barbas de Júpiter!!!

O que foi gente?

Festival de risada?

Ou vcs fumaram todas?

Ninguém respondia, o anestesista, dr. Alcibíades estava de cócoras

dando murros no chão de punho fechado, rindo e chorando ao mesmo

tempo.

Ai o seu Gumercindo lhe perguntou:

-Deste propofol para o paciente dormir?

-Hahahahahahaha, Dr. não tinha propofol e dei pentotatio de pototio

hahahahahahahah

umas quinhentas miligramas, hahahahahaha

-Vc está louco? Essa é dose para dormir hipopótamos!!!

Ele vai acordar daqui três meses, se acordar.

E o Dr. Epitáfio? Onde está?

-Disse que ia mijar de tanto rir, hahhahaha

-E as enfermeiras?

-Hahahahaha, foram junto ao Dr. para ajudar, hahahahahahaha

Nessas horas o professor não parava de puxar os seus cabelos de raiva,

como se calvície mitigasse a dor.

-Seus loucos, vão acabar com o paciente e não param de rir, oh Tom

você é o culpado de tudo isso!

-Bem, eu, eu, eu só contei uma piadinha................

-Agora vc é único que está em condições de ajudar, vou fazer uma

lavagem estomacal para tirar os vidros e vc faz uma lavagem

intestinal, tudo bem?

-Mas eu não...nunca...nunca fiz isso antes.

-Pô!! É seu amigo e tens que ajudar!!!

-Bem cadê o aspirador de pó?

-Não, pega essa mangueira e enfia assim, .........assim,

.........direitinho viu?

-Afffff, prefiro contar piadas professor!!

-Então vai, conta essa famosa.

-Bem, era uma vez o João Cana Brava..........

Doidice anda solta

A gente arruma conhecidos de todos os tipos, tem os alegres, os


divertidos, os deprimidos.

Dou preferência sempre aos otimistas, aos que tem alguma coisa a

acrescentar à nossa vida, aos nossos parcos conhecimentos, que nunca

chegam a ser suficientes nem do nosso agrado.

E nos trazer um pouco de alegria, para melhorar nosso estado de ânimo.

Uma figura da qual nunca vou conseguir esquecer foi um funcionário e

amigo sim, após tantos anos de trabalharmos e convivermos juntos,

acabamos por ter uma afinidade bem especial.

É o caso do Jacinto, um cara realmente inesquecível.

Uma vez, nos já afastados comercialmente fazia um bom tempo ele me

liga no meu celular.

Aviso: ele é um cara bom, nobre, bom coração só que desaforado,

impropérios na boca dele é como flores num jardim, florescem a

vontade.

Sempre eu falava: -Jacinto, melhora esse seu linguajar, temos ótimas

palavras em nosso idioma, não precisamos de apelação, nem de

aberrações lingüísticas, é só falar o correto, nada mais.

Mas ele tinha esse costume, de três palavras que falava pronunciava

quatro palavrões.

Era o jeito dele, ame-o ou deixe-o, não tinha outra solução.

Bem, eu atendi o celular e escuto:

Quem é?

O Enrique?

Fala seu p.... f. da p....!!!!!!

Como vc está?

E ai cara, e as minas, comendo todas as p.... ainda ou já deu um tempo?

Eu simplesmente respondi:

-Oh...... Jacinto

-Já sei seu corno, vc não agüentou mais e foi dar o c. por ai,

hahahahahahahahahaha!!!!!

Oh...... Jacinto!!!

-Fala seu mequetrefe f.... de uma égua, hahahahahaha

-JACINTO!!!!!!

-O QUE VC QUER? FALA!!!!!

-Sabe Jacinto, estou no casamento da minha sobrinha aqui na igreja.

-Sua sobrinha, aquela janeleira? Que dava pra todo mundo menos pra mim?

Hahahahahahahahahaha, fala pra essa megera que ainda ela vai arrumar

um trouxa na vida dela, um otário, quem sabe algum jegue se habilite

né? Hahahahahahahahaha

-JACINTO!!!!!

-O que é?

-É que estou no viva voz, não consigo desligar, entendeu?

-E que eu tenho a ver com isso? Estou atrapalhando algo?

-Toda a igreja está escutando a sua conversa, o padre disse que não

vai mais casar, os convidados estão horrorizados, a mãe dela desmaiou,

o noivo disse que ia ao banheiro e lá ficou, bem na hora de dizer o

SIM!!!

Acredito que não mais vai voltar, e você pergunta se está atrapalhando algo?

A minha sobrinha ficou louca, quer voar no seu pescoço, ela perguntou

onde vc está?

-Eu? Ah sim, perai, já me lembrei, estou na Groelândia na parte norte,

encostado do Pólo Norte.

Fala pra ela vir aqui conversar comigo e resolver seus pobremas, me

ajudar a derreter o gelo Ártico, hahahahahahaha

-Jacinto vc é um desalmado, irresponsável, psicopata doido!!!

-Eu sei, mesmo assim você me ama, né?

-SEU P...!!!!!! VAI SE F....!!!!!

-Ta vendo? Agora é vc que está falando besteira, eu to quetinho...............

Olha meu chapa, eu só queria saber mesmo se tem algum trampo pra mim,

sabe cumequié né?

Tem que por o leitinho na boca das crianças e umas cervinhas na boca

do papai, hahahahahahahaha.

-Jacinto, eu não agüento mais, me liga daqui a dez anos ta bem?

-Tudo bem patrão, o senhor é que manda, mas ligo de manhã ou de tarde?

-Jacinto, olha eu não quero falar uma incontinência verbal, sabe?

Queria te mandar para aquele lugar, mas eu não preciso te mandar, vc

já conhece o caminho e nunca sairá de lá.

ME ESQUECE JACINTO E VAI À MERDA!!!!!!!!

-Tudo bem patrãozinho.

Oras, carambolas, tem gente que não tem um mínimo de senso de humor, caracas!!!!

Eu eim?

Eita patrãozinho chato!!!!!!

Lembranças dum amigo

Quem pode esquecer uma pessoa que dedicou parte do seu tempo em te


agradar, te deixar sempre feliz e realizado com sua alegria,

amabilidade e simpatia?

Assim era o Walter quando o conheci em 1967, um jovem maravilhoso

cheio de idéias, de atenções e respeito por seus semelhantes.

Fui trabalhar com ele e de imediato nos tornamos em verdadeiros amigos

e colaboradores inseparáveis.

Nunca foi um patrão e sim um colega de profissão.

Após alguns meses virou o meu padrinho de casamento, sua fantástica

esposa nossa madrinha.

E após dois anos ele veio trabalhar comigo de vendedor.

Uma amizade já mais de 40 anos.

O que não posso esquecer era o jeito dele em nossa juventude, ele era

original, impossível.

Boa pinta, as mulheres o assediam e ele se refugiava em sua aliança de

casamento que exibia sem nenhum problema para não arrumar

compromissos.

Me contava que amava muito a sua esposa e não conseguiria trai-la.

Tal vez essa fosse a maior virtude que possuía, que pelo menos eu admirava.

Tinha seus defeitos como todo ser humano, só que as virtudes o superava.

.

Íamos direto nos barzinhos do Tatuapé curtir nossos conhaques.

É os feitios dele que quero relatar:



Certa vez na firma sobraram mais de dez camisetas em branco, e de

repente deu a louca nele de imprimi-las.

Fez a matriz, jogou tinta vermelha e uma vez impressas me pediu para

leva-las como doação numa casa vizinha que cuidava de velhinhos.

A turma tinha de 80 anos pra cima e lá fui entregar a encomenda gratuita a eles.

Me atendeu uma senhora idosa e entreguei o presente a ela.

Ela cuidadosamente abriu e adorou, passou então a distribuir entre

todos os participantes.

Fiquei um pouco lá atento e observando e daí uns minutos começaram a

aparecer os caras, homens e mulheres todo arrugadinhos, se

desmanchando em vida, castigados pela idade com a camiseta branca

mostrando em sua frente em letras grandes, vermelhas, garrafais

imitando fogo escrito:

TÔ Q TÔ

Todos adoraram, uma veínha centenária me perguntou o que estava

escrito e eu sem poder-me conter falei rapidinho que era uma marca de

refrigerante algo como “tome coca cola”.

E sai rapidinho para dar uma risada descancarada lá na rua.

Não agüentei a safadeza, muita maldade mas não menos original.

No fim a população agradeceu e gostou, e bem, os outros, que pensem o

que quiserem.

Quem sabe alguns deles não “estava que estava” mesmo?



Noutra oportunidade fomos no escritório da Vale lá na Av. das Nações

Unidas para tratar sobre umas faixas promocionais numa feira.

Na hora de descermos no elevador, 25 andares, calha de nos acompanhar uma moça.

Ela estava com cara de insana, algum problema estava acontecendo com ela.

Os olhos brilhando, a tez pálida, preocupada e massageando o ventre

dissimuladamente.

Quando de repente acontece o pior, ela solta um ar reprimido nada silencioso.

Nos dois ficamos pasmos esperando uma desculpa que não véio.

Foi ai quando pressenti o pior, e aconteceu mesmo.

O Walter estica o pescoço por trás da moça e olhando em direção à

buzanfa dela exclama em alto e bom tom:

-EU TAMBÉM TE AMO!!

Pra que, foi bolsa voando pra todo lado.

Uma infâmia.

No fim a conseguimos conter com algumas palavras.

Ela ficou triste e desolada, começo a soluçar.

Acabou o Walter tomando-a por um braço, conversando legal e ficou assim mesmo.

Parecia até que iria pintar um clima.

Só que sem condições, imaginaram se alguém fosse perguntar:

-E como é que vcs dois se conheceram?

Não tinha a menor chance, chegando no térreo ela sumiu de repente que

nem água na areia do deserto, sem deixar rasto.



O dia que fomos no zoológico ele, o irmão dele e o filho do irmão com

uns 4 ou 5 anos.

Chegando na jaula do tigre, o Walter pergunta para o pequeno:

-Olha se vc fosse nascer de novo querias ser um tigre feio como esse

ou aquele veadinho lindo e alegre que vimos na outra jaula?

-Eu queria ser um veadinho tio!

-Que bom, assim quando crescer serias um veadão que nem o papai.

-Sim quero ser um veadão que nem o papai!!

-Cala a boca Fernandinho, o tio está brincando contigo.

-Ta bom mas eu quero ser um veadinho!!

Isso custou algumas discussões na família, e eu rindo sem parar.



Um dia chega uma senhora com certa idade e pergunta para o Walter pela sua avó.

Ele responde: Ela está em casa descansando porque operou agora.

-Operou? Coitada e o que ela tinha?

-Fez operação do perineo.

-O que é isso de perineo?

-É a reconstituição do himen.

Como? Ela não tem uns 90 anos e ficou viúva agora?

-Por isso mesmo, vai que pinta uns loves e ela quer estar preparada pra tudo.

-Meu Deus! Manda um abraço pra ela e dá licença!

Eram mortais as repostas dele, só deboche, ou tal vez humor demais.



Claro que não era só bobagem que ele falava, tinha um filão romântico, poético.

Quando comentei isso que ele tinha algo de poeta, me respondeu:

-A poesia é o eco da melodia do universo no coração dos humanos.



Cara, respondi, estou fascinado.



Como último caso, contarei sobre uma moça morena muito bonita,

escultural que vinha todos os dias para conversar com ele na porta.

Sei que era caminho do trabalho dela e se engraço com a pinta do Walter.

Ai manteve umas conversas por quase um mês.

Certa vez ele a deixou entrar para conhecer a firma.

Ficou uns cinco minutos e foi embora.

Eu cheguei a comentar que poderia estar errado ele a deixar entrar

pois já era casado.

Respondeu-me assim:

-Enrique, se fechares a porta para todos os erros, também a verdade

permanecerá lá fora.



Confesso que fiquei sem palavras.

Quando ele de repente me confirmou que daria um jeito, não queria

plantar ilusões na cabecinha dela que aparentemente só pretendia

alguém para casar.

Dito e feito, ela apareceu na porta, após uns dois minutos de

agradável conversa ele sem dissimulo tira a aliança que mantinha no

bolso e coloca na mão.

Ela percebeu tudo na hora e começo a lacrimejar, ficou sem assunto.

Ai ele até filosofou com ela, tinha esse lado carismático e disse-lhe:

-Se choras por ter perdido o sol, as lágrimas não te deixaram ver as estrelas!

Pra que, ela abriu a torneira dos seus olhos.

Eu pensei, melhor assim que continuar com a farsa, ele estava

brincando com ela mas parou a tempo.

Nada se perdeu para sempre.



Telefonei pra ele semana passada para ver como a política o estava

tratando e se já se tinha candidatado para deputado federal ou outro

cargo

Respondeu-me de forma singela:

-Meu velho amigo, eu agradeço por não ser uma das rodas do poder, mas

sim uma das criaturas que são esmagadas por elas.



Bem, é bom relembrar o passado e o presente, tudo isto me traz a

certeza que a vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia

para os que sentem.