Coisas de Sampa

Não foi agora, mais aconteceu.


Ouve uma corrida programada numa pista de atletismo entre jovens

excepcionais portadores da síndrome de Dawn.

Eles estavam bem preparados, cada um sabia o seu papel.

Então a corrida começou, estavam indo muito bem, até que um dos

integrantes deu um tropeço e foi pro chão.

De imediato todos pararam e foram no auxílio do companheiro caído.

Devem ter raciocinado muito bem e rápido, imaginando que na teria

sentido continuar correndo sendo que um dos amigos estava com

dificuldades.

Então o que fizeram? Deram-se as mãos, correram juntos e assim

chegaram no final da corrida todos unidos. Não teve um ganhador nem um

perdedor.

Foi uma belíssima lição de humanidade, de solidariedade.



Tem pessoas que acham que eles são seres inferiores, que tem que

aprender muito conosco.

No fim vemos que somos nós “os normais”, temos muito que aprender com eles.





Bah!Adoro São Paulo, com suas noites fumegantes, caminhões que passam

carregados de máquinas e te brindam aquele doce balanço, animaizinhos

silvestres por todos os lados para alegrar o lar, o ratinho roendo no

quintal, a baratinha tintinabulando pela cozinha, dando aquele ar

bucólico de floresta, de boscagem.

O toc-toc das prensas que marcam compasso e te acompanham no sono.

Consegues dormir após uma hora da manhã quando a gurizada decide parar

de brincar e as sete da manhã aparece o manezão gritando: -OLHA O GAZ,

AO GÁZ, OLHA O GÁZ.

Delicia pura é morar em cidade grande, ninguém incomoda ninguém.

Quando o vizinho chega após trabalhar de entregador de pizzas, acelera

a moto e desliga. Parece coisa ruim mais não é, ai já sabes que são as

12.30 da noite.

Em fim, eu não me acostumaria com o ensurdecedor silêncio de cidade pequena.

Não temos passarinhos cantando, temos muitas pombas e urubus

sobrevoando. Pena que eles não cantam. E as pombas estão consideradas

pragas domésticas.

Em fim cada um com seus sons. Tenho uma caixa acústica tamanho família

ligada no micro.

Guardo infinidade de gravações de coisas, bichos em geral. Quando vem

pessoas indesejáveis, pedintes, escandalosos, ligo na hora o latido do

pitti-bull, saio da porta pra fora e fico gritando: -Não Satã,vc não

vai sair agora, mulher assegura a coleira nele no pescoço, não deixa

escapar!!! E os curiosos saem correndo apavorados.

Só os vizinhos me conhecem e sabem dos meus bichinhos virtuais, e já

não ligam mais.

Gente, acho que cada um se acaba acostumando com seus sons, seus

bichinhos, suas luzes e sombras próprias de cada lugar.