Quero sair de São Paulo.

Quero sair de São Paulo, disse, e lá fui eu para Brasília, capital


deste país que ainda não conheço.

E quem sabe daí, depois desse um pulo em Goiás visitar uns amigos que

também não conheço.

Bem chegando lá cedinho, estacionei a motoca perto do eixão de

Brasília, lugar muito bonito.

Agora, é andar um pouco a pé para conhecer melhor.

E lá fui eu bem distraído tentando procurar o Congresso, aquela

arquitetura toda do Niemayer quando me deparo com um cara correndo em

disparada e ao virar a esquina se dá de cara comigo.

Estava muito exausto e nervoso, quase que não conseguia nem falar, e

me disse, -Seu moço, segure este pacote aqui que estão atrás de mim,

depois eu volto para pegar.

Deixou em minhas mãos algo comprido e mole, e se mandou correndo

enquanto conseguia forças, parecia que estava fugindo do capeta.

Após uns segundos vi uns caras vestindo a farda da polícia federal

correndo e procurando por alguém. Será que era aquele sujeito?

Fiquei muito curioso e pensei, é melhor eu saber de que se trata e

descobrir o que tem aquele misterioso pacote.

Quando comecei a rasgar o papel, apareceram notas de 100 reais, um monte delas.

Sentei num lugarzinho mais afastado e as contei, cem mil reais em notas de 100.

Barbaridade!!!!! Que compromisso!!! O que iria fazer com elas?????

De pronto a polícia federal voltava e se aproximavam em minha direção.

Ai não teve dúvidas, enfiei essa grana toda debaixo do capacete e

fiquei sossegado, na minha.

Acontece que eles desconfiaram da minha figura e me interrogaram,

-Senhor, o que tem debaixo do seu capacete?

E respondi, -Oras e o que deveria ter? A minha cabeça.

-Não, entre a cabeça e o capacete.

-Cabelo, é que sou bem cabeludo e o capacete não entra direito.

-O senhor não deve ser bem cabeludo com a sua idade não, nos permitiria ver?

Foi quando retirando o capacete começou a despencar notas de 100 para tudo lado.

Quatro policiais ficaram catando tudo no chão e me pediram muito

gentilmente que os acompanhasse até a delegacia de polícia.

Que outro remédio? Chegando lá me atendeu a doutora Rosana e me

perguntou donde tinha arrumado todo esse dinheiro. –O senhor é

político?

-Não doutora.

-Trabalha para político?

-Também não doutora

Pensei, que maldito costume que eles tem de relacionar dinheiro com

política, o que tem a ver uma coisa com outra?

-Posso revista-lo meu senhor?

-Fique a vontade, quer que tire a roupa aqui mesmo?

-Não é necessário, oh Jeremias, vem cá e leva este senhor. para

revistar lá dentro.

-Ah não, ninguém vai revistar ninguém, eu tenho esse direito garantido

pela constituição, e quero o meu advogado ou não falarei mais nada.

Ninguém bota a mão em mim!!!!

Após algumas trocas de palavras, e tentando explicar onde arrumei essa

grana, lembro que a doutora comentou comigo:

-É sempre assim, aparece um monte de dinheiro e o pessoal disse que “achou”.

Me jogaram num canto resguardado, parecia uma cela, só que sem grades.



Ficando lá encontrei um cara algo conhecido e disse:

-Cara, eu não te conheço?

-Certamente que não, respondeu.

-Claro que te conheço, vc não é aquilo que a gente coloca atrás da

orelha para dar sorte?

E parece que a tua não foi muita não, olha onde vc está!!!

Pó cara vc foi pego por corrupção, olha que sacanagem que aprontaram com vc.

O pior não foi a tua corrupção e sim a tua burrice, deixaste filmar tudo!!.

E ainda disseste que ias comprar panetones e inventaste notas frias!!!

Por que não inventaste algo melhor para comprar?

Camas para os pobres, berços para criança, sei lá.

Bem na realidade parecia que estava num motel, tinha de tudo, frigo

bar com serviço completo, apanhei um iogurte de frutas, pois os bolos

cremosos não me apeteciam.



Quando foi comprovada a minha inocência me liberaram, sai daí

desejando boa sorte ao famoso prisioneiro. Ele agradeceu e eu

retruquei, não, Boa Sorte para o povo se vc ficar ai dentro por um bom

tempo!!!



Já fora desse aconchegante local, me dirigi para o Centro de

Convenções Ulysses Guimarães.

Pensei, vou conhecer algo por dentro aqui em Brasília fora à casa de detenção.

Só que para não ser reconhecido pelo cara que me entregou a grana, me

disfarcei de Rapunzel, comprei uma longa peruca loira e lá fui eu.

Entrando lá qual não foi a minha surpresa, tinha gente do partido e me

disseram que o próprio Lula estaria lá.

Fui então correndo e tentei me localizar perto do palanque, quem sabe

não encontraria o “homi” por lá?

Pedi licença aos espectadores para me sentar em alguma cadeira e não

me deixaram de jeito nenhum.

Comecei a gritar, gesticular, fui empurrando e não teve jeito ninguém

me deixava sentar.

Quando fui ver, estava caído no colo do “homi” com aquelas tranças

estabanadas, todo revirado, dois gorilões assegurando os meus braços e

eu gritando.

Quando o “homi” disse: - Espera ai, o que você quer aqui?

-Oh meu senhor, o único que eu quero é me sentar, EU QUERO É SENTAR!!!!!!

-Olha eu não estou interessado em tuas preferências sexuais, o que fazes aqui?

-É que quase fui acusado de corrupção e estava preso com um carequinha

agora estou aqui,

Quer dizer que vc foi pego com grana na cueca também?

-Não, eu não uso cueca.

-Ah, vc é prafrentex aquelas bichas modernas?

-Não eu sou espada e utilizo aquela sunga de praia, não cabe grana

nela, puis embaixo do capacete.

-Porra! Essa é nova para mim, corrupto esconde grana no capacete!!! Hahahaha

-Foi tudo um engano, bem, e já o conheci, agora gostaria de ir embora.

Na saída ainda me disse:-Meu senhor, ou sei lá, minha senhora, não

esqueça de lavar essa peruca, está fedendo pra cacete!!!!!



E foi assim que tive a alegria dobrada de conhecer esta terra bonita e

de passo os “homis” que nela habitam.