Cuidado com o futuro.

Não somos perfeitos, claro que não.


E não gostamos de quem seja, porque estaria acima de nós.

Preferimos sempre alguém igual a nós, aquele que senta num prego, ou

que vive com eterna dor de barriga.

Ainda preferimos àquele que confunde a geladeira com a escrivaninha.

E que nem sabemos o que ele guarda ou deposita na privada.

Preferimos pessoas igual a nós, que precisam de Terapia da Revitalização.



Temos total receio de nosso patrão que se acha um quase perfeito,

porque está por cima, estudou mais ou teve mais sorte.

Ele mesmo, que nunca reconhece nosso esforço.

E quando pensamos em pedir um simples aumento, ele está em constante “reunião”

E por que não comentar que muitas vezes estamos no limite de nossa

paciência e só não pedimos a conta por causa daquela secretária que

está louquinha por nós, ou a recepcionista que está afinzona.

E quantas vezes não caímos na tentação de ganhar na loteria e chutar o

traseiro de nosso chefe tão forte, quer precisaria do Resgate do SUS

para retirar o sapato nele.

Não fazemos isso, também esse desejo não sai do nosso pensamento.



Não admitimos alguém que não cometa alguns dos sete pecados capitais

ou que fuja da regra dos dez mandamentos.

Se pensarmos que nós fugimos dos instintos básicos do ser humano,

estamos enganados.

Quem de nós não sentiria inveja se passa nosso vizinho com um carrinho

2010 e com um sorriso debochante à nossa frente sabendo que nós temos

um humilde carro igual, só que dez anos mais velho?



Quem resistiria de não cair de boca numa farta mesa cheia das nossas

sobremesas preferidas?



Ninguém deseja a morte de ninguém, mas o que pensar daquela tia que

vivia longe, no exterior, que nunca conhecemos e nos deixa meio milhão

de dólares em herança?

Não pensaríamos que já estava na hora dela empacotar?

Comigo aconteceu isso há algum tempo e tive que emitir um comunicado à

família do acontecido.

Mandei fazer uns cartões expressando assim as minhas condolências:

“A tia Laura e eu, passamos para uma vida melhor”.



Reza um mandamento que não devemos cobiçar a mulher alheia.

Todos nós sabemos que mulher não é um objeto, por tanto ela não tem dono.

Posso afirmar isso com toda ciência, sendo que em minha juventude,

éramos sete amigos no bairro, e no começo de nossas vidas tivemos uma

noiva “comunitária”.

A Maria era uns dias de cada um, era emprestada entre todos nós.

Ela nos ensinou muitas coisas, a descobrirmos, as nossas preferências,

em fim, nós devemos muito à Maria.

Quando perguntávamos a ela se era a nós que ela mais amava, de sua

boca saiam tantas verdades igualzinho à água que jorra das fontes do

deserto.



Se pensarmos que nunca falhamos no mandamento de não cobiçar a casa do

teu próximo, estamos enganados.

Cobiçamos sim.

Ou não sabemos que em certos lugares isto é impossível de negar.

Quando vivi um ano na Hungria, na casa dos meus bis avós paternos,

tive que me mudar e procurar uma casa de aluguel por causa do espaço.

E quem disse que existiam casas para alugar?

Em absoluto, era impossível achar alguma.

Até que um dia vi um cara caindo de uma ponte e corri em sua direção.

Ele acabou se afogando, não foi possível salva-lo.

Então fusei em seus bolsos e achei um cartão com seu endereço, ai

corri para a imobiliária do bairro, a única existente, e disse que eu

queria alugar esse imóvel, que o inquilino tinha acabado de falecer.

Me responderam de imediato que isto era impossível, que a casa já

estava alugada.

Perguntei mais como? O cara acabou de morrer, quem poderia ter vindo

antes do que eu?

A funcionária me respondeu: -O cara que o empurrou da ponte!



Em fim, não gostamos mesmo de seres perfeitos, só nossos heróis em quadrinhos.

Agora não devemos deixar de pensar que num futuro será tentado

fabricar seres, tipo robô quase perfeitos.

Tal vez isto aconteça daqui muitos anos, quiçá antes ou depois da

quarta guerra mundial, aquela que será disputada só com paus e pedras.

Então teremos um desfile de robô serventes, ajudantes para todas as utilidades.

Existirão as ninfas-robô, as work-robô, as office-robô, os war-robô,

as sexy-robô e algumas mais que serão necessárias.



Imaginemos então um caso inédito que pode acontecer, uma situação do dia a dia.



O Sr. Manuel é mecânico de robô e é chamado um dia para uma pequena

manutenção num robô doméstico.

-Sr. Manuel, pode dar uma verificada no meu robô que vou dar uma saída?

-Pode deixar minha senhora, vou dar sim uma olhada em geral.

-Até logo Sr. Manuel, volto mais tarde.



-Então belezura qual é o seu nome?

-Gizele

-OK Giz, vou mexer um pouco em vc, pode?

-Pode sim.

-Olha, por que vc não começa me dando a combinação do cofre que estou vendo ali?

-Acesso negado senhor.

-Vai Giz, só os numerinhos!

-Impossível sem a senha senhor.

-E qual é a senha, catzo?

-Senha inválida senhor.

-Então tudo bem agora vamos brincar um pouco, vc é muito bonitinha sabe?

-Não estou preparada para brincar senhor, aconselho procurar uma play-robô.

-Não, vamos fazer algumas bobagens só.

-De que tipo senhor?

-Vamos fazer nhe-nhe.

-Não faço nhe-nhe senhor.

-Então vamos fazer glu-glu.

-Desconfio pelo seu tom de voz que o senhor deva procurar uma sex-robô.

-Não, é vc mesma.

-Não recomendo usar uma office-robô para suas pretensas intenções.

-Ah, vc cuida do escritório e foi programada para isso né?

Só que agora eu vou te ensinar alguns truques e outras utilidades, vem cá!!!

-Não aconselho fazer isso, é inadequado senhor.

-Que nada Gizele, vc vai me agradecer pela aula!!

Assim, assim, AAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!

O QUE É ISSO GIZ????????

O que fizeram em vc?????????



Meu senhor isso ao qual se refere é um “apontador de lápis”

Só encostar o lápis que aponta automaticamente.

-Maledeta por que vc não me avisou?

-O senhor não perguntou.

-Quase acabaste com as jóias da família.

-Não sei que são as jóias da família.

-Esquece sua androidezinha biônica de uma figa!!!!!!



Em fim, esta é uma das historinhas que seria possível dentro do mundo

da cibernética que existirá sem dúvidas num futuro nem tão longínquo.

Teremos sim infinidade de máquinas quase perfeitas, com infinitas funções.

Só que existirá uma distância entre humanos e humanóides.

Os robôs poderão ter muitas atividades, mas nunca verdadeiros sentimentos.

Ai que está à diferença, nunca poderemos ama-los nem receber algum amor deles.

A saúde nossa de cada dia.

Lamentei profundamente o desaparecimento físico do Glauco, exímio


desenhista e comentarista.

Sua crítica mordaz, inclusive política era de um aguçado requinte com

conhecimento de causa.



Não morre quem deixa uma mensagem tão grata quanto extensa e verdadeira.

Continuará vivo em nosso pensamento para sempre.



Na tentativa de pegar um pedacinho da cauda do cometa da imortalidade,

farei a minha caricatura, o meu costumeiro conto, cruel e tenebroso,

assim como crítico construtivo, irreverente e sagaz.



Passa-se numa cidadezinha perdida, no meio do nada, nalgum sertão

brasileiro, que chamaremos de Sertãolandia.



O posto de saúde dessa cidade fazia um tempo que estava inaugurado,

mas brilhava pela total inoperância e descaso permanente com os mais

necessitados.

Ainda o poder público não tinha descido ali para investigar, só que os

acontecimentos já estavam no conhecimento de muitos jornalistas que

decidiram investigar por conta própria Um jornal mandou uma repórter,

a jornalista Alice.



Chegando no local, se apresentou à diretora deste único hospital, uma

tal de Dra. Dólara.

-Bom dia Dra. Dolara, eu sou a Alice a jornalista e vim fazer a

matéria que tratei pelo telefone com a senhora.

-Bom dia Alice e não me confunda nada de Dolara, é DÓLARA minha filha, DÓLARA.

-Muito bem doutora, vim para saber a respeito de queixas existentes

sobre a cobrança indevida de serviços públicos deste hospital.

Aqui se cobra por fora algum tipo de serviço?

-Não minha filha, se cobra por dentro, não tem nada por fora.

-Como assim, a prefeitura não garante todas as despesas?

-Sim garante, agora quem garante as minhas despesas pessoais?

-Ai já é outro assunto doutora.



Nesse meio tempo chega um ferido grave e cabe à doutora atender e

fazer uma avaliação.

Uma jovem desesperada chega puxando o pai de um braço e clama por

atendimento urgente.

-Por favor doutora atenda o meu pai urgente!!

-Urgente? Hahaha, isto é algo difícil minha filha, vamos fazer uma

ficha primeiro, ver as condições dele.

-São péssimas doutora.

-Não falo de saúde e sim econômicas.

-Mas doutora veja a situação dele!!!!

-Não vejo nada de grave.

-Olhe nas costas por favor!!!

Quando a doutora se digna olhar as costas, vê uma faca enorme

encravada nas costas do cidadão e a camisa escorrendo uma mancha

vermelha gigante.

-Bem minha filha, deixa pegar a minha calculadora para ver o prejuízo.

-Calculadora doutora? Precisa é uma intervenção imediata!!!

-Sim claro, ...... costura.........esparadrapo.........limpar a

faca.........mil e quinhentos........vai gastar dois mil e quinhentos

reais minha querida.

-O que? Ninguém tem esse dinheiro!

-Se vira, vende algo, aceito cheque administrativo ou promissória com avalista.

-É impossível doutora

-Ah é?

Então nada feito, o próximo por favor!!!!!

-Doutora e a faca nas costas?

-Apontou pela frente no peito?

-Não doutora

-Então não é grave, nem pegou um órgão vital, agora me dá licença.



Nesse meio tempo chega uma enfermeira chamando aos gritos a diretora.

-Doutora Dólara, temos aqui uma emergência!!!

-Do que se trata?

-Olhe este cidadão na maca tem um machado incrustado na cabeça!!!

-Deixa ver, olha cara que maldade fizeram com você!!!!

Ta doendo muito?

-Ah...... ah...... ah......

-Quem cuida dele?

-Eu doutora, sou a esposa, teve uma briga no boteco da esquina e

fizeram essa truculência com o meu véio.

-Tem como gastar uns dois mil reais mais ou menos?

-Tem não doutora, somos todos pobres.

-Pobre não sabe quanto custa o material médico, olha vai à farmácia e

pede pra fazer um curativo.

-Mas doutora olha a situação dele!!!

-Não é ruim não, entende o que a gente fala, é porque não é grave.



Logo na sala dela, a jornalista Alice continua a entrevista

horrorizada com a atitude da doutora.

-Como pode deixar estas pessoas pra lá doutora?

Sem dinheiro não tem atendimento?

E a solidariedade humana, onde fica?

-Olha minha filha, quando vou aos congressos médicos em Paris,

Londres, não é a solidariedade humana que paga por isto nem as minhas

seis malas cheias de lembrancinhas.

Quando preciso azulejar a minha piscina também a solidariedade não me ajuda.

Você está me entendendo?

-Isso prova, mas não justifica ser desumana, e se o prefeito ficar sabendo?

-Aquele bofe? Hahahahahaha

Vai, vai contar pra ele e verás o resultado.

Olha, eu e ele somos a pinga e o limão, a bola e a caçapa.

Ele é a minha bola, querida bola!!!!

-E a senhora é a caçapa dele né?

Hahaha, como se atreve? hahahaha, quem deu permissão? hahahahahaha

-Isto pode chegar ao conhecimento público e ser instalada uma CPI.

-Que nada, ele é como uma árvore bem grande e forte, tem ramificações

que o sustentam.

-Que horror doutora, eu vi essas pessoas que chegaram quase morrendo e

não foram atendidas!

-Que nada, tudo isso é patranha, está cheio de fricote por ai, de

exageros e manhas.

-Mas o hospital não tem recursos?

-Tem sim, quem fornece material aqui é o meu primo, contrato sem

licitação, a limpeza do hospital igual, um cunhado do prefeito, tudo

sem licitação.

Só que temos que fazer o nosso pé de meia, você entende Alice?

-Estou tentando............ mas, não consigo.



Nesse meio tempo chega mais um acidentado e a diretora é chamada.

-O que foi desta vez?

-Doutora entrou este jovem com um cisco no olho e pediu para ser atendido.

Era um jovem com rosto e cabelo tipo Bread Pitch, com olhos e voz de

Elvis Presley.

-Doutora, entrou um cisco no meu olho e...

-Já vi, deixa que vou tirar...........pronto já está fora, agora

precisa de uma lenta recuperação.

-Mas eu não tenho dinheiro para ficar internado, eu sei que a senhora

cobra caro.

-Nada disso meu filho, você vai ficar em minha casa e eu vou cuidar

bem de você pessoalmente, não se preocupe com nada.

-Bem.............eu.........não sei.............

-É pra já, enfermeira providencie o translado deste rapaz em

ambulância pública até minha casa de forma urgente, é prioridade, por

favor!



Enquanto isso, Alice já não dava mais crédito aos seus olhos, acabara

de entender que o problema nesse hospital era mais grave do que

imaginava.



-Doutora, estou envergonhada do que vi, vou relatar isto como um caso

repulsivo, horrendo.

-Ah é? Então vai sua jornalista de meia tigela, com essa sua profissão

desacreditada, que nem mais precisa de diploma, vai contar que ninguém

vai acreditar!

-Quer dizer que eu não tenho diploma?

Que eu estou errada e senhora está certa?

Pessoas como a senhora envergonham nossa Nação.

Vou contar tudo aos jornais e prepare-se, farei a maior sarrafusca, o

maior pandemônio e zanguizarra.

Nos veremos em breve doutora, nos tribunais!

-Vai sua mangalaça, sua inepta, incompetente, ninguém vai acreditar em

suas historias!!!

-Tal vez não acreditem em minha palavra, agora em tudo que filmei com

minha máquina escondida, ahhhhh sim, claro que vão acreditar!!!!!

-Sua frescalhona, sua viçosa! VOÇÊ ME PAGA!



Bem, para Alice foi um aprendizado, o caos, a crise existe em muitos organismos.

Só que primeiramente devemos erradica-lo do coração humano.

O duelo.

O tordilho batia cascos num trote largo que, às vezes,


quase virava em galope...

Era sempre assim.

O cavalo e ele sabiam de cor e salteado o caminho de volta aos pagos.

Por vezes, parecia até que o matungo adivinhava seus pensamentos: 

O rumo do rancho, ao pé do cerro grande.

O abraço da china velha, largo em saudade.

O amor sem idade, no coração feliz. O alvoroço dos piás,

catando caramelos nos bolsos fundos das suas bombachas.

A festa dos cuscos das casas, lhe esperando na porteira.

As lembranças batiam cascos num trote largo que, às vezes, quase virava

em galope... Finado Amarante, antes de se tornar

finado, era tropeiro. Diz que dos mais afamados daquelas bandas, desde

o arroio Ibirocai até a costa do Toropasso. Na verdade, era apenas

mais um em terra de muitos e bons tropeiros. Sabia disso, mas gostava

por demais da sua lida. Nunca extraviara um bicho sequer em anos e

anos de idas e vindas tocando tropas por diante. A china velha,

zelosa, volta e meia rezingava com ele dizendo que tinha mais cuidados

com o gado do que com ele próprio. Mas, esse era o seu trabalho e isso

era a sua vida. E nem sol de fogo ou chuva de pedra. Nem seca braba ou

enchente grande. Nada detinha sua sina de entregar a tropa ao dono,

gorda e sã de lombo. Pois, mais do que seu ofício, era sua obrigação!

O orgulho batia cascos num trote largo que, às vezes,

quase virava em galope... Finado Amarante, antes de se

tornar finado, acostumara-se à rotina das tropas. Ao ritual chucro das

reses. Ao berro triste do gado. Nunca fizera outra coisa em seus

cinqüenta e pico de anos. Mas, esse era o seu mundo e só assim era

feliz. Tropa entregue no destino e mais uma missão cumprida.

"No mas", era dar de rédeas ao tordilho e repisar o caminho de volta ao

aconchego dos seus, qual ave voltando ao ninho. O rumo do rancho.

O abraço da china. O alvoroço dos piás. A festa dos cuscos.

A saudade batia cascos num trote largo que, às vezes, quase virava

em galope... Agora, mais uma vez, voltara a ser patrão

do seu tempo. A chuvarada de ontem transformara-se em garoazita de

molhar bobo. E bueno, ele e o tordilho já eram vaqueanos dessas

cruzadas de varar enchente a nado. Os dois conheciam bem os segredos e

mistérios dos arroios da querência. Artérias pulsantes da pampa,

serpenteando pelos campos, matando sede de bicho e gente, cumprindo

sua singela sina de levar vida aos rios. Finado

Amarante, antes de se tornar finado, aprendera a respeitar os arroios

para assim poder vencê-los. Sabia bem onde morava o perigo dos

redemoinhos e seus abraços traiçoeiros. Os mapas das correntezas com

seus atalhos profundos e seus caprichos fatais. Conhecia cada arroio

da querência como a palma calejada da sua mão. Naquele mesmo dia, já

bandeara o Carumbé e suas tantas armadilhas feitas de pedras e águas.

Já cruzara o Pindaí - um fiapo d'água nas seca, mas um gigante na

enchente - que sabe se fingir de manso para afogar um vivente.

Só lhe faltava varar o velho arroio Toropasso. Com seu Passo

do Lajeado estrebuchando de água. Despontando além do mato. Furioso,

invadindo campos. Voraz, devorando cercas. Na força da correnteza a

mesma força da tropa. O arroio era o tropeiro!

A enchente batia cascos num trote largo que, às vezes, quase virava em

galope... Pensou em apear do pingo e esperar mais um

pouco. Pitar um ou dois palheiros, até as águas se amansarem.

Total, já estava tão perto e o rancho era logo ali. Ah! Mas a saudade foi

mais forte do que o medo da enchente... Mal convidou o tordilho e já

se meteram n'água, velhos parceiros que eram de varar arroio a nado e

sair do outro sem nem molhar os pelegos! A enchente

batia cascos num trote largo que, às vezes, quase virava em galope...

Uns dizem que foi descuido. Outros, que foi coragem

demais. E alguns até condenaram as águas do Toropasso onde o finado

Amarante de saudade se afogou. Restou a cruz de madeira no Passo do

Lajeado, meio escondida na sombra dos espinilhos e touceiras de

unha-de-gato, lembrando o último duelo entre o arroio e o tropeiro,

num fim de tarde de Agosto. E até hoje, somente a

china velha com seu coração de viúva sabe, mais do que ninguém, que o

arroio não teve culpa.

O mate do alemão.

Foi lá por aquele tempo em que o Uruguai era banhado e o Imperador


andava caçando pinto com boleadeira de sabugo, que chegaram ao Rio

Grande os primeiros colonos. O parador grande era pelos costados de

Porto Alegre, mas em pouco tempo a alemoada foi-se desgarrando, até

dar no que se vê hoje: se esparramaram por tudo quanto foi rincão, se

misturaram lindo com os nossos, e já existe muito guri tirante a índio

- cabelo negro e liso - mas pintando no azul dos olhos o sangue das

Orópias. Por sinal, o primeiro alemão que estourou por estes pagos foi

um lombilheiro, alto como vôo de corvo, magro como solitária, arisco

como galinha-d'água e sério como tamanco. E lombilheiro bueno, le

digo! Saía cada pintura de apêro que só vendo! Mas, se o homem tinha

a idéia clara para fazer lombilhos, andava de mal com a inteligência

no que tocava a falar a nossa língua. Oigale engrolação dos diabos! E

bem que tinha interesse em aprender: perguntava isto, indagava o nome

daquilo, forcejava por repetir certo, forcejava... forcejava... mas

era o mesmo que querer tirar leite de vaca machorra. Pra o causo, o

professor dele era um piasote, filho da viúva Fagundes. E le digo, não

podia estar pior servido, pois se havia guri alarife neste mundo

estava ali! Olho vivo e pata ligeira, sabia logo encontrar o lado de

chegar, em tudo. Mas trabalhador, que era! Desde novito foi fazendo

pela vida - a viúva, com a morte do Januarinho, ficara mais pobre do

que rato de igreja - e no despontar o buço já ajudava lindo nas

despesas da casa. Lá um belo dia deixou o pago, e quando voltou foi

sempre distribuindo plata, arrendou uma boa extensão de campo, e

trazia a mãe sempre retovada de vestido lindo. No fundo, era um

sujeito bom como remédio... Mas - isto não! nunca deixou de ser

trarbuzana!... Pra fechar um salseiro não estava com voltas! Nem pra

levantar uma china na garupa, nos rancherios da Faxina, debulhando

ferro com os retalhados que se sentiam picados! Saia cada berzabum que

nem le conto!... Mas eu sei dizer é que terminou um homem rico e

respeitado. Terminou sendo, o “coronel” Fagundes, tronco dessa

Fagundada toda das bandas do Salso. Mas veja você que já estou me

espichando que nem minhoca em terra lavrada. Voltemos ao causo do

alemão... Como eu dizia o Neco - naquele tempo nem se pensava que

ainda ia ser um dia o “coronel” Fagundes - era o ordenança do

estranja. Logo que o lombilheiro chegou a esta vila já começou a se

encher dos cobres - trabalhava mui bem! -, e o Neco tratou de ir se

enfiando como pulga em costura. Foi prestando um servicinho aqui,

outro ali, como quem não quer nada, e daí a uns dias o alemão lhe

empregava de fiche. No começo era entregador de encomendas, limpador

de casa e o mais; mas já depois de um mês era meio capataz do negócio:

com ele é que a freguesia se entendia, pois o alemão não bispava nada

em nossa fala. E o Neco se aproveitava disso, imagine, e muito se

divertia à custa do patrão. Lhe pegava cada trote, na maciota,

caborteiro, que só vendo!... Mas lá um belo dia se saiu mal com uma de

suas brincadeiras; foi despedido, e por pouco que o alemão não lhe

passou o relho. Por sinal que a cousa só veio a furo muito tempo

depois do sucedido, quando o lombilheiro começou a entender bem a

nossa língua, e descobriu que tudo não passara de artes do guri. Eu le

conto... Notando que a gauchada e todo o pessoal da vila costumava

tomar uma certa bebida por um canudinho de metal, numa cuia, o alemão

ficou curioso e foi logo pedir explicações ao ordenança. - Ma-te! -

respondeu o Neco, separando bem as sílabas pra o ruivo entender. -

Ma-te ou chi-ma-rrão. Isto aqui é a cuia... isto a bomba... isto a

erva... - O cuia, o pompa, o errfa... - repetia, interessado, o

lombilheiro. E lá seguiam as explicações, arrastadas como muchacho e

repetidas como sermões de padre. Pra finalizar, disse o moleque: - ...

e quando a gente não quer mais, é só dizer “mais quente!”. Entendeu? -

Iá! Iá! - Repita, então. - Mais quente... mais quente... mais

quente... - Muito bem! - o guri mostrava os dentes, já gozando as

conseqüências daquilo tudo, e rematava: - Está pronto, agora, pra

experimentar um chimarrão! No domingo seguinte, o lemão foi visitar a

um dos moradores da vila, o bolicheiro Souza, seu melhor freguês e

revendedor prá peonada das estâncias vizinhas. Apresentações da mulher

e filharada, embrulho de palavras, risadas sem que nem pra que, todos

procurando resolver da melhor maneira possível aquele problema de

“conversar” com o alemão. E lá ficou a família na sala, sem saber o

que fazer. Foi quando, para descanso de todos, e especial alegria da

visita, surgiu uma criada com o mate. Chegava o esperado momento do

ruivo experimentar um amargo! Entusiasmado, o alemão levou a bomba aos

lábios, foi chupando despacito, provando, tomando gosto e... gostou!

Lá veio mais uma cuia, outra, mais outra, e quando o ruivo chegava

pela décima resolveu parar. Atenciosamente, virou-se para a criada e

falou: - Mais quente... A criada não esperou um instante: logo pegou

da chaleira e retirou-se da sala. Mas eis que, pra espanto do alemão,

daí a pouco voltava, alcançando-lhe novamente a cuia do amargo. “Deve

ser um costume da terra tomar mate duas vezes” - pensou o alemão, na

língua dele. E, sorridente, resolveu seguir o tal costume. Mas uns

dois mates, e novamente ele se curvava, respeitoso, e agradecia: -

Mais quente!... Foi um espanto geral. O dono da casa sorriu, sem

jeito, e procurou contornar aquela situação embaraçosa mostrando ao

visitante umas esporas prateadas que enfeitavam a sala, relíquia da

família. E ficou sorrindo por fora... pois lá por dentro de roí de

vontade de mandar o alemão tomar mate mais quente na terra dele.

Enquanto isso, chaleira na mão, a empregada se retirava, estabanada,

da varanda. “Veja só que alemão sem-vergonha! - pensava. - Vem tomar

mate na casa dos outros, e achando sempre ruim, sempre frio, e mais

quente e mais quente!... Espera, que eu te dou “Mais Quente!”.

Passados minutos, retornava a chinoca, oferecendo um novo mate à

visita. O alemão olhou a cuia, olhou a criada, olhou o dono da casa,

tornou a olhar para a cuia, e, sem entender muito daquilo, resolveu

tomar o último chimarrão. Mas, mal tocou os lábios na bomba, e já

saltava do banco, urrando de dor, olhos saltando das órbitas. E

gritando e chingando, numa falatéia que ninguém entendia, envolveu a

empregada com um olhar transbordante de ódio: - Prassileirro purra! -

gritou. - Mais quente! MA-IS QUENTE, oufiu? Enquanto o bolicheiro

olhava espantado aquela cena, e a criada saía correndo da varanda, o

alemão batia a porta da frente com estrondo. E lá se foi pela rua

afora, gritando sempre. Nunca mais apareceu na casa do amigo... e

nunca mais tomou um chimarrão...

Curiosaidades / Piadas

O sol caia na tarde e tingia o céu com um manto sanguinolento.


Dum amarelo claro à púrpura cintilante.

Bem lá no horizonte a meia bola dum vermelho vivo diminuía lentamente

até desaparecer.



Me pergunto, como faríamos para apreciar esse quadro por muito mais

tempo, durante horas?

Seria possível?

Claro sim, e sem fotografias, ao vivo mesmo.

Se nós estivéssemos voando num avião supersônico na direção do sol, na

linha do equador a uma velocidade de 1674 km. por hora, não veríamos o

sol se por.

Ele pararia no lugar que está.

E algo mais curioso, pasmem, se a nossa velocidade for superior a

essa, o sol se deslocaria em sentido contrário.

Ele voltaria para traz, na direção contrária usual.

Um passe de mágica?

Não, é que nós estaríamos indo a uma velocidade maior do que a rotação

da terra, e teríamos que possuir um relógio especial, porque as horas

estariam indo para atrás.



Esta seria uma forma estranha de voltar no tempo, estaríamos retrocedendo.

Que tal lançar a formula do rejuvenescimento?



Bem, outro caso curioso que nos ensinou Albert Einstein respeito à

Teoria da Relatividade.

Suponhamos que um dia eu conseguisse viajar à Marte na velocidade da

luz, a 300.000 km. por hora.

Para recorrer os 60 milhões de kmt. que nos separam do planeta,

demoraría uns 3,3 minutos na ida.

Mais o mesmo tempo para a volta.

Agora você está me olhando com telescópio e acompanhando a viagem.

Até ai tudo bem.

Agora imaginemos a hipótese de que eu conseguisse voar ao dobro da velocidade.

Ou seja, em 3,3 minutos eu teria ido e voltado ao seu lado.

Você estaria me vendo ir, porque a velocidade da vista acompanha a luz

do foguete.

E antes de você me ver chegando, eu já estaria há 3 três minutos ao seu lado.

Algo incrível não?

Só na cabeça dos loucos que passa essas idéias.



Agora o melhor do dia, e sentar para rir da piada do argentino, muito

boa por sinal.





sem preconceito...eheheheheh







Um avião caiu na floresta.

Restaram apenas três sobreviventes: um indiano, um judeu e um argentino.

Caminhando entre as árvores da grande floresta, encontraram uma

pequena casa e pediram para passar a noite.

O dono da casa disse:

- Minha casa é muito pequena, posso acomodar somente duas pessoas. Um

terá que dormir no curral.

O hindu respondeu:

- Eu dormirei no curral, sou indiano e hinduísta, necessito praticar o bem.

Após uns 30 minutos, batem à porta da casa.

Era o indiano, que disse:

- Não posso ficar no curral.

Lá tem uma vaca, que é um animal sagrado.

Eu não posso dormir junto a um animal sagrado.

Então o judeu respondeu:

- Eu dormirei no curral.

Somos um povo muito humilde e sem preconceitos.

Após uns 30 minutos, batem à porta da casa.

Era o judeu, que disse:

- Não posso ficar no curral.

Lá tem um porco, que é um animal impuro.

Eu não posso dormir junto a um animal que não seja puro.

Então, o argentino, 'muy chateado da vida', aceitou dormir no curral.

Após uns 30 minutos, batem à porta da casa.

Eram o porco e a vaca.



hehehheehehe

Nossos filhos.

Uma batida insistente na porta do banheiro me fez sair do quarto às


pressas pra ver o que estava acontecendo.

Chegando lá vejo algo inusitado, minha filha Jane com uns seis aninhos

na época, tinha prendido a empregada no banheiro trancando a porta por

fora com o fecho.

Ai escutei –Abre a porta menina!!!

E minha filha respondendo: -Quem é?

-Sou eu, como quem é?

-E o que vc quer?

-O que está acontecendo gente, perguntei?

-Sr. Enrique sua filha me trancou aqui dentro do banheiro!

E a Jane insistindo,

-Se vc não falar quem é não vou abrir!

-Chega de brincadeira filha, abre essa porta, eu lhe disse.

Coitada a moça era muito boazinha, só que sofria na mão da impiedosa Jane.

Tinha que agüentar as jericadas e o gênio esquisito dela, que não sei

de quem puxou.

Chegando o fim do ano a levamos conosco para conhecer Uruguai.



Em dezembro toda aquela correria, bota mala no carro, leva o cachorro

pra vizinha e lá nós partia em nosso Dodge Magnum para fazer nossos

dois mil e duzentos kilômetros.

Porque naquela época carros de quatro cilindros eram muito fracos para viajar.

Não tinha ignição eletrônica, eram poucos cavalos de força.

Aliás nem cavalos deveriam ter, só burros, pois eram muito lerdos.



Lembro na estrada a mesma Jane, pediu para parar o carro que queria ir

ao banheiro.

Eu lhe disse que não poderíamos parar nesse momento, que esperasse

chegarmos num posto com restaurante, que seria ideal.

Bem, nalguns minutos chegamos lá e disse agora sim, podes descer.

Ai ela respondeu muito brava: -Não quero mais, agora já passou a vontade!!

Eu nunca vi passar a vontade sozinha, até hoje me pergunto mas como???

E ai fomos embora, ninguém quis descer do carro.



Menina geniosa, em fim era até divertida com suas ocorrências.



Hoje em dia, as viagens já eram.

Os carros , já foram

As crianças cresceram e cuidam dos seus próprios filhos.

O tempo passou, sim e como passou rápido.



Só que não está todo perdido, me contento hoje em dia de ver a missão cumprida.

Fico em casa, recebi a sogra hoje para almoçar com maior prazer.

Depois quando sozinhos, nós dois contamos as anedotas, rimos do que

foi e rimos muito mais do que poderia ter sido e não foi.

Acho que temos algo em comum, a nossa pródiga imaginação.

Ligamos o som no último volume e com nossa gigantesca caixa escutamos

Rock Metal.

Ai tudo vibra, as contas de luz despencam da estante, os velhos fecham

as janelas, os meninos dos vizinhos nos acompanham no ritmo imitando

guitarras pois eles adoram.

YEAH!!!!! É a vida acontecendo, que continua sim nas suas etéreas vibrações!!!






Pois é, poucas coisas ficam junto da gente depois de algum tempo.

Uma delas são os amigos.

E devemos cuida-los e trata-los bem.

São como plantas, que se não as regamos, morrem.

E o melhor, são incondicionais, poderemos guarda-los até o fim de nossos dias.


A entrevista


Dias atrás, no cumprimento do meu dever, tive que visitar a loja

Daslu, para recolher uma encomenda.

Encostei a moto no local de carga e descarga, aos fundos da loja, com

quatro guardas munidos de radio-receptor.

Aguardei 30 minutos a chegada de uma madame, e nada.

Pedi ao guarda ligar para ela, porque nós, simples mortais, a serviço

em duas rodas não temos o direito de ir falar pessoalmente com os

donos das lojas.

Ai ela respondeu para esperar cinco minutos, que já vinha.

Passaram mais 40 minutos e nada.

Enquanto isso, assistia belos carros importados, Mercedes Benz que

nunca tinha visto antes.

E também belas moças, uma mais bonita que outra.

Comentei com um guardinha que se mostrou simpático, -Belos carros heim?

Ele respondeu, -Isso não é nada, não esqueça que vc está na portaria

dos funcionários, tudo que passa por aqui são empregados.

-Nossa!!! Exclamei, e como são então os carros dos clientes?

Ele respondeu: -Muito melhores!!!

Também reparei que entre tantas moças bonitas, todas funcionárias, não

tinha nenhuma de cor, nada de mulatas nem negrinhas.

Já imaginava que isto seria assim, e de uma forma bem descarada.

Restos da escravatura que ainda vivem latentes em nosso Brasil.

Os brancos da Hight Society que não aceitam serem atendidos por

negros, ainda seus escravos, no inconsciente de muitos.

A escravatura foi abolida no papel, mas não de fato. Ainda permanece

viva na consciência de muitos seres, principalmente daqueles que nadam

na opulência, e seus ancestrais mantinham uma grande população de

escravos.

Tem tradições que se transmitem nos genes, se herdam.

A escravidão está latente ainda na cabeça de muitos seres humanos, e o

pior, que se orgulham disso.

Uma lei não foi suficiente para apagar os traços daninhos que se

acumularam por séculos na alma e no coração de muitos.

Não me senti chateado nem inferior pelo que vi, se essa era a intenção

dos organizadores desta parafernália toda, no fim sou um trabalhador,

de origem humilde, “sem parentes importantes no exterior”

Até trabalhei na fera para comprar o meu pão, acordei de madrugada

para vender balas no trem.

Depois de mais de uma hora e tanto, avisei a firma que estava indo

embora, que a dona não se prontificou em me atender.

Com certeza que quando avisaram a ela via radio que o motoboy a estava

esperando, não se dignou em me dar atenção. Era como se um cachorro

estivesse passando.



Só que antes de me marchar, perguntei pro carinha legal, o guardinha,

se tinham algum departamento que contratava motoboy, porque para

ganhar dinheiro, é melhor trabalhar para um rico do que para dez

pobres.

A experiência já me ensinou isto, mesmo sendo um fato lamentável.



Ele disse-me que existia um departamento que administra as cinqüenta

lojas existentes e os mais de mil funcionários.

É uma agência interna, contratada, com toda aparência de estrangeira.

Eu fui lá, me apresentei e marquei uma entrevista para daqui uns dias.

No dia marcado me apresentei.

Uma branquela com ares de dona do mundo me atendeu e perguntou:

-Vaga para motoboy o Sr. procura?

-Sim madame isso mesmo.

-Vou-lhe por em contato com o nosso diretor de RH, o Sr Hermannn, e

desde já lhe antecipo que não são convenientes palavras de baixo calão

nem linguajar chulo, ele não aceita.

Ela pensou rápido, com esta minha profissão, que outra coisa se poderia esperar?

Está muito mal conceituada esta minha raça, nunca ela imaginaria que

eu escrevo no Boteco do balaio e me relaciono com pessoas pra lá de

cultas e inteligentes.



-Bom dia Sr. Hermann, prazer em conhece-lo!!

-Pode sentar, replicou sem olhar para o meu rosto.

Vamos preencher esta ficha, já tenho alguns dos seus dados aqui

comigo, deixa ver, só faltam alguns detalhes que a secretaria não

completou.

O seu grau de instrução?

-Pra lá de bom senhor.

-Formado no exterior?

-Não senhor, no interior mesmo, na faculdade da vida.

-Vamos ver outros detalhes.........sexo...........

-Uma vez por semana senhor.

-Não, não me referia a esse motivo.

Falando nisso, este questionário é extremamente sigiloso, fique tranqüilo.

Então como definiria o seu comportamento sexual, hetero, bi,

metrosexual, ou algum outro?

-Nessa vou de metro senhor!!

O cara que parecia alimentado a milk shake aplicado direto na veia, me

olhou com olhar arregalado de espanto, com essa sua cara branca que

nem bum bum de alemão.

O seu semblante anglo-saxônico estava cada vez mais exasperante.

-A sua religião?

-Não tenho ainda.

-Não faz mal, eu também não.

-É o que imaginei.

-Algum parente de cor, homossexual, alguém já foi preso em sua família?

Então explodi, essa pergunta era a gota que faltava para derramar o

meu copo e destilar o meu veneno.

-O que é que é isso? Uma brincadeira? Cadê as câmeras filmando, estão

à minha frente ou nas minhas costas?

Ai entendi, mais um tatu querendo me levar para o buraco.

Nesse preciso instante afundaram as minhas esperanças de me dar bem

com o sujeito e com a firma.

-Isso é relevante Sr. Hermann? Sim, eu sou branco mas, tenho o coração

de um preto.

-Como assim Sr. Enrique?

-Porque eu clamo pela liberdade, ou seja, a falta dela.

Ele disse: -O Sr. deveria entender que existem questões que são

fundamentais em nossa organização!

-O que é fundamental?

Fundamental é o amor aos seus semelhantes, ajudar ao próximo, a

convivência sem ódio nem preconceito.

Reclamo sim de vocês todos, que com o dinheiro que tem, não

conseguiram derrubar os muros da hipocrisia, da intolerância.

O senhor, com seu sotaque que parece mais o braço direito de Hitler,

uns dos que escaparam da punição, quer me ensinar o que é

“socialmente” aceito nesta sua firma?

O meu desejo agora é de fazer cocô bem aqui no meio desta sala.

Só não faço porque não estou com vontade.

E pode marcar ai no seu relatório, tenho quatorze cachorros PRETOS.

Tenho vários amigos da mesma cor.

E o Sr. também tem algo preto, a menos que o tenha pintado de branco.



-Sr. Enrique a nossa conversa está finalizada, pode-se retirar!!!

-Engano seu, a nossa conversa acabou desde o primeiro instante, quando

entrei por esta porta e lhe vi.



E pode aguardar mister Hermann que vou lhe trazer uma placa de

presente para pendurar em sua porta de entrada:

WHITE, WHITE & WHITE – THE BIG FDP.



Nesse mesmo instante tirei o meu blusão e mostrei a frente da minha

camiseta, escrito assim:

TEM UM CORNO ME OLHANDO!!

Quando virei de costas, não antes de reparar no olhar fulminante de

ódio dele, podia –se ler: E AINDA CONTINUA ME OLHANDO!!



Uma forte batida de porta encerrou a nossa entrevista e a minha

intenção de querer trabalhar com gente fina e sem alma.

Quem planta ventos, recolhe tempestades!!!



PRÓ INFERNO O ÓDIO RACIAL E O PRECONCEITO!!!



Por coincidência mesmo, quando sai, a secretaria me disse:

-Eu ouvi toda essa conversa, e gravei tudo, hehehe.



No terceiro dia recebi um e-mail:

Caro Sr. Enrique, solicitamos gentilmente a sua presença para

tratarmos assunto do seu interesse.

Assinado, Sr. Nicholas Jackson, Gerente de RH



Bem, parece que o Sr. Hermann se deu mal, dançou miudinho, sem música mesmo.



Vocês foram ao encontro?



Nem eu.

Oração do Motociclista de Cristo.


Senhor,

Hoje ao sair com minha moto, me lembrarei que contigo eu vou mais longe.

Não vou errar a estrada, pois tu és o meu caminho.

Não terei problemas com o motor, pois tu és a minha força.

Posso ficar sossegado quanto ao farol, pois tu és a Luz do mundo.

Se meu tanque esvaziar, lembrarei que tu és uma fonte inesgotável.

Se eu pegar chuva, lembrarei que tu és o meu abrigo.

Quando precisar frear, o Senhor me segurará nas Tuas mãos.

Quando me sentir cansado, lembrarei que tu me fazes repousar em verdes pastos.

Quando sentir fome, lembrarei que tu és o Pão da Vida.

Se eu sentir sede, não será um problema, pois tu és a Água Viva.

Nunca estarei sozinho, pois Tu Senhor nunca me deixarás, nem me abandonarás.

Não temerei os imprevistos, pois o Senhor é o meu pastor: nada me faltará.

Não temerei a enfermidade, pois o Senhor é o médico dos médicos.

Se alguém tentar me acusar, Tu és o Advogado dos advogados.

Por tudo isso Senhor, eu sei que contigo eu vou mais longe.

Um dia quando a estrada da vida terminar, deixarei a minha moto e Tu

me conduziras às mansões celestiais.

Amém!

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MOTOCICLISTA, não beija, Ensina

MOTOCICLISTA, não entra, Invade

MOTOCICLISTA, não fica na fila, É VIP

MOTOCICLISTA, não aproveita, Curte

MOTOCICLISTA, não fica à toa, Fica de boa

MOTOCICLISTA, não é bando, É Família

MOTOCICLISTA, não fala, Dá o papo

MOTOCICLISTA, não sai junto, Fecha

MOTOCICLISTA, não chama, Convoca

MOTOCICLISTA, não aparece, Brota

MOTOCICLISTA, não é moda, É Religião

MOTOCICLISTA, não espera, Marca um 10

MOTOCICLISTA, não faz hang loose, Faz vida loka

MOTOCICLISTA, não dança, Arrasa

MOTOCICLISTA, não pega, Escolhe a dedo

MOTOCICLISTA, não estraga, Destrói

MOTOCICLISTA, não dirige, Pilota

MOTOCICLISTA, não bate, PQ é protegido por Deus

MOTOCICLISTA, não faz aniversário, Acumula kilometragem,

MOTOCILCISTA, não pede licença, Abre alas,

MOTOCICLISTA, não desfila, O povo pára pra ver!!!



MOTOCICLISTA !!!! Gosto de pessoas com a cabeça no lugar, de conteúdo

interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade.



Gosto de gente que ri, chora, se emociona com uma simples carta, um

telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de

carinho, um abraço.



Gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, ama os animais.

Admira paisagens, poeira e escuta.



Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir

ternuras, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro

de si, emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!



Gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de

compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.



Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e

quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de

um analfabeto.



Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos.

Com muito AMOR dentro de si.



Gente quem erra e reconhece, cai e se levanta, apanha e assimila os

golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentora suas lágrimas e

sofrimentos.



Gosto muito de gente assim... e desconfio que é desse tipo de gente

que DEUS também gosta!

Incompetência médica.

Olhem se não é para desconfiar do conhecimento dum médico, às vezes


apostamos nele todos os cuidados, depositamos toda nossa confiança em

suas mãos e levamos um revés.

O caso aconteceu assim:



-Alô doutor Rosa bom dia!

A minha filha vai viajar e quero saber sobre a bactéria assassina,

que providencias se deve tomar.

-Que bactéria? Será a Legionella? A que matou o ministro Sergio Mendes?

-Não doutor é uma nova que está que nem artista de TV, fazendo a maior

fama na mídia.

-Ah sim, vc está falando da superbacteria KPC que deu em hospitais de

Brasília e S.P.

-Também não doutor, eu escutei bem claro, é a KCT

-Vc tem certeza disso?

-Claro doutor escutei varias vezes.

Será que ela trás muito mal estar e é perigosa?

-Bem, se for a que eu estou falando pode trazer infecção generalizada

por ser uma bactéria resistente a todos os antibióticos.

Agora essa que vc falou não é tão perigosa, só produz inchaço.

-Por muito tempo doutor?

-Não, geralmente por nove meses depois passa.

-É que ela vai apresentar uma obra de teatro no Paraná, na cidade de

Ponta Grossa.

O que devo recomendar para ela se cuidar?

-Meu Deus!!

Olha se a tua bactéria é a KCT e ainda de Ponta Grossa meu amigo,

essas são as mais perigosas.

vou recomendar a ela para levar uma caixa de preservativos e um

lubrificante, só isso.

-Que coisa doutor, te conheço há tanto tempo e vc me sai com uma

brincadeira, que falta de seriedade, de consideração.

-Amigo Enrique, me liga amanhã e te explico melhor, ta bom assim?

-Mas Rosa, que resposta é essa?

Pensas que sou moleque?

ROSA!!!.....................

DOUTOR!!!...............



É assim que acontece, médico mal informado não sabe dar uma explicação

para um amigo, imaginem só o que os pacientes devem sofrer na mão

dele.



Gente, fiquem bem informados e atentos, isso é essencial para preservar a saúde.

E cuidado com a bactéria assassina!!!

Lá em Dom Pedrito.

Lá em Dom Pedrito-RS, frente à praça, havia o Restaurante e


Churrascaria do Santinho.

E se alguém quisesse ver o velho brabo, mais furioso que gato embreado

em cano de bota, era só pedir fiado no seu estabelecimento comercial.

Certa feita um peão campeiro chamado Osorinho - um desses muitos que

perderam o ofício no campo, integrando o êxodo rural, e que acabaram

perdendo-se no povo e na canha , mamão como de costume, chegou,

sentou-se junto a uma mesa e mandou botar do bom e do melhor.

O vivente comeu um espeto corrido de dar água na boca, e bebeu do mais

fino e mais caro vinho.

Mas, na hora de pagar a conta o cara estava mais liso que bunda de sapo.

Um dos garçons, então, chamou o Santinho, que já chegou com a tranca

da porta na mão.

Osorinho, já sabendo o que iria lhe acontecer, com muito jeito pediu

ao Santinho:

- Chê! Só não me bate na cabeça, por causa da congestão!